Um exemplo de garra, amor e superação

Iraci Fantin nunca esperava que sua vida fosse mudar de forma tão drástica. Em 26 de julho de 2002, seu filho Charles foi vítima de um assalto e, após ser baleado, ficou tetraplégico. Passados mais de dez anos do crime, hoje ela exerce muito mais do que o papel de mãe: também é fisioterapeuta, médica e enfermeira. “Ele é a minha razão de viver e meu grande companheiro”, emociona-se. Seu maior desejo é que o rapaz consiga a cirurgia para colocação de um marca-passo diafragmático, o que permitiria que ele dispensasse o respirador artificial e, no futuro, talvez pudesse voltar a caminhar.

Após a tragédia, a dona de casa teve que abandonar o emprego. Ela conta que no início chorou muito e enfrentou dificuldades para aceitar a nova condição do filho. Ao longo de mais de uma década, Iraci e o marido se revezam nos cuidados intensivos e permanentes e ainda dividem a atenção com o irmão mais velho de Charles e com as duas netas. Quando precisam sair, quem ajuda é uma nora e uma cunhada, já que Charles nunca pode ficar sozinho.

Durante o dia é responsabilidade de Iraci atender às necessidades do rapaz, que, apesar da restrição de movimentos dos braços e das pernas, tem capacidade de compreensão e ainda balbucia algumas palavras. “A primeira vez que fui ao Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, chorei muito quando os médicos me informaram que eu teria que realizar alguns procedimentos no Charles, não queria admitir. Hoje sei aplicar vários, falta só o diploma de médica”, relata. É ela quem coordena as sessões de exercícios que evitam a atrofia muscular, troca o equipamento da traqueostomia, aplica medicação e é responsável pela alimentação. “Consigo identificar tudo o que ele sente e mesmo se está tendo alguma infecção somente pelos gestos e sinais que o Charles manifesta”, descreve. Iraci também aprendeu a utilizar o computador, para auxiliar o filho a pesquisar na internet e interagir com outras pessoas através das redes sociais.

No Dia das Mães, o maior presente para Iraci seria a autorização para o filho ser submetido à implantação de um marca-passo diafragmático. Devido à gravidade dos ferimentos, Charles necessita de um respirador artificial que fica ligado 24 horas e que a qualquer sinal de problema emite um som semelhante a um apito. Isso faz com que horas seguidas de sossego sejam raras. “A cirurgia traria mais qualidade de vida, pois, entre outros benefícios, permitiria que ele se alimentasse de forma mais adequada”, conta. Como a família não tem condições financeiras para adquirir o equipamento e custear o trabalho da equipe médica – a estimativa é que o procedimento custe cerca de R$ 520 mil – eles fizeram uma solicitação junto ao Sistema Único de Saúde (SUS). Ao que tudo indica, não será neste ano que o tão aguardado presente será dado a ela, já que eles ainda aguardam uma resposta.

Reportagem: Katiane Cardoso


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