Um legado para o batalhão e para a vida

Uma missão real, que exigiu treinamentos específicos e que é motivo de grande expectativa para 100 dos 450 homens do 6° Batalhão de Comunicações de Bento Gonçalves (6º BCom). Trata-se da Missão Copa do Mundo, que visa oferecer segurança para milhares de pessoas que irão assistir aos jogos no Brasil, especialmente em Porto Alegre, e para a população em geral. Quem são esses homens que ficarão 45 dias servindo à Pátria? Quem são esses militares que deixarão suas famílias em prol da incumbência maior de suas carreiras? Quem são esses homens que terão suas vidas marcadas por atuarem no maior evento esportivo do mundo? O SERRANOSSA conversou com seis deles e mostra toda a expectativa, o legado e a satisfação de entrarem para a história do serviço militar brasileiro.

Liderados pelo experiente tenente-coronel Alexander Eduardo Vicente Ferreira, comandante do 6º BCom, cem homens que servem na cidade partiram no último domingo, dia 18, para as missões mais importantes de suas carreiras. O grupo, que fará rodízios de atuação – depois de cerca de 30 dias alguns deles retornam a Bento para descanso –, dará todo o suporte para que o Comando Maior possa usar a estratégia mais adequada diante de uma ação, incidente ou acompanhamento de comboio, por exemplo. “Para que um chefe nacional ou o comando militar possa tomar uma decisão, ele precisa ter uma excelente infraestrutura de comunicação, via rádio, imagens de câmera ou sistema de internet e intranet que possa receber e mandar informações seguras e precisas, além de comunicação via satélite. Tudo o que estiver relacionado às comunicações militares será provido pelo 6º BCom”, explica o tenente-coronel.

Além da histórica missão, outro legado que a Copa deixará para Bento Gonçalves é o incremento na infraestrutura: o Exército entregou ao 6° BCom 15 novas viaturas operacionais, um novo ônibus interestadual 0km, materiais de comunicações, tecnologias de primeiro mundo e um sistema de segurança avançado. “Tudo isso foi agregado à estrutura já existente e ficará em Bento Gonçalves. Para prestar um bom serviço, são necessários meios que antes não tínhamos. Por isso, já saímos ganhando”, garante o comandante. 

Ele destaca que a cidade não ficará desamparada, mesmo com o direcionamento de cerca de um terço do efetivo. “A parte da segurança é provida pela Brigada Militar e outros órgãos de segurança do município, mas, obviamente, estaremos onde a situação se apresentar mais importante”, explica.


“É uma missão real, não um treinamento”

Acostumados com tarefas do dia a dia do Batalhão, como guarda externa, limpeza, manutenção e treinamentos intensos na área de comunicação, a maioria dos militares que irá participar da segurança da Copa do Mundo terá pela primeira vez em suas carreiras militares a oportunidade de fazer parte de uma missão real.

Dos seis entrevistados pelo SERRANOSSA, três nunca haviam sido convocados para uma operação especial: Michel, Douglas e Portugal, solteiros, buscam fazer história na primeira chance de suas vidas. “É uma oportunidade única. A minha expectativa é colocar em prática tudo aquilo que sempre aprendemos e para o que nos preparamos aqui no Batalhão. No posto de comando tático, durante a Copa do Mundo, estarei acompanhando o general, o que é também um momento ímpar”, revela Michel.

Já Douglas, ansioso para vivenciar uma missão oficial, fala do orgulho de servir à Pátria. “É uma missão real, não um treinamento. Acredito que será uma experiência inesquecível, algo para se contar para os netos no futuro”, afirma, emocionado. “A Copa é o olho do furacão, o mundo todo estará de olho no nosso país. Ser militar em um batalhão que irá auxiliar na segurança de um evento tão grandioso é tirar a sorte grande. Como pessoa, é uma chance de vivenciar algo novo, uma experiência que vou levar para a minha vida. Eu estarei vendo um posto de comando, um cérebro da operação, e participando de perto”, conta. 

Velasques, Dalbelo e o comandante Alexander, que já participaram de outras missões, revelam que a Copa do Mundo será um momento único em suas carreiras como militares. Casados, pais de família e experientes profissionais, os três esperam que o evento seja marcado pela festividade e alegria do evento. “Provavelmente seja a primeira e a última vez que irei trabalhar em uma Copa do Mundo no Brasil. Um general ou um comandante precisa ser alimentado com precisões concretas e quero fazer parte disso. Quero, em um futuro, mostrar para meu filho, Artur, que fiz parte desta história”, afirma. 

Dalbelo também exalta o trabalho como importante, porém festivo. “Temos conhecimento de histórias de militares que participaram de missão de pacificação e correram risco de morte e outros, como o senhor Francisco Pértile, que viram corpos de colegas mortos empilhados durante a segunda Guerra Mundial. Isso é uma missão difícil, chata. Nós participaremos de algo importante, mas que queremos que seja marcado pela alegria e não por mortes”, garante, ele, que recebe todo o apoio da mulher e dos dois filhos.

Já para o comandante do 6° BCom, falar sobre a missão é falar de emoção. “Eu tenho orgulho imenso dos meus militares. Eles estão se afastando de seu convívio familiar para se dedicar a este importante sacerdócio, para prover a segurança de nossa sociedade, para ver um bem-estar para nossa população. Chefiar uma equipe do mais alto nível e trabalhar com equipamentos de primeiro mundo me faz ir a Porto Alegre vibrando. Estarei lá, com o rosto fechado, com postura militar, mas com o coração repleto de alegria”.

Reportagem: Raquel Konrad


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