Um Natal sem abraços, mas ainda mais especial
O Papai Noel é a grande magia do Natal para as crianças e até mesmo para os adultos, que veem o bom velhinho como uma figura capaz de trazer bons fluidos. Neste ano, o clima natalino carrega um significado ainda mais especial. É um momento de alento diante das dificuldades vividas ao longo de 2020, ano marcado pela pandemia. Mas o momento requer cuidados. Sem poder abraçar e ter um contato mais próximo com as crianças, o Papai Noel Sandro conta que a data está mais triste e que é preciso se reinventar para continuar levando momentos de alegria para os pequenos. “As crianças gostam de conversar, interagir, abraçar. Com essa questão da pandemia, temos que manter o distanciamento e isso é muito triste”, lamenta.
Há três anos, Sandro assume o papel de bom velhinho no centro da cidade, mas desde 1996 ele faz a alegria de crianças, jovens e adultos. “Eu comecei a fazer isso por brincadeira, na empresa que eu trabalhava. Gostei tanto que acabei incorporando, animando encontros de família, amigos e participando de eventos”, relata. “Naquela época tinha que colocar enchimento e barba postiça. Hoje é tudo natural”, brinca.
O amor pelo trabalho tão especial aflorou por conta de seus dois filhos, Eduardo e Bruno. Quando ainda pequenos, Sandro os levava para visitar os Papais Noéis da Serra, vendo o brilho em seus olhos ao conversarem com o bom velhinho. “Achei que fosse uma maneira de deixar as crianças felizes. Mas pleno engano, porque não é apenas criança. É adulto, é a pessoa de idade, que às vezes se emociona muito mais que uma criança”, relata. “Ano passado, veio uma senhora de 70 anos aqui, que nunca tinha visto um Papai Noel. Ela ficou muito emocionada e me marcou bastante”, continua.
Mais do que sentar em sua poltrona e atender as pessoas que chegam para o visitá-lo, o Papai Noel afirma que é preciso um trabalho mais profundo de entender a realidade das famílias. Muitas em situação de vulnerabilidade social, o bom velhinho atenta para garantir um Natal especial e condizente com a realidade daquela criança. “Cada criança tem uma necessidade e um sonho diferente. Então procuramos conversar, ter um ‘feeling’ para saber se a família tem condições. Caso não tenha, falamos que o Papai Noel fará o possível para entregar um presente, porque há outras crianças esperando”, conta.
Além de incorporar o bom velhinho para a prefeitura de Bento Gonçalves e, em certas ocasiões, para o CDL-BG, Sandro ainda faz trabalhos filantrópicos em entidades e visita famílias na véspera do Natal. “As crianças me deixam cartinhas, bicos, conversam comigo. Tem algumas que eu vi pequenas no colo dos pais e, hoje, vem conversar como se fôssemos amigos de longa data. É um momento muito especial”, afirma.
Restrição de visitação
Com a região classificada em bandeira vermelha, todos os shows previstos para aconteceram pelo Natal Bento na Via Del Vino, no Centro, foram transferidos para o Parque de Eventos (Fundaparque), no formato drive-in. Com isso, também foram suspensos os horários de visitação na casinha do Papai Noel, também localizada na Via Del Vino. Dessa forma, o bom velhinho está se dividindo entre o Expresso de Natal – o trenzinho natalino que está rodando a cidade nesta semana – e as atrações na Fundaparque. Por lá, ele aparece para fazer uma visitinha.
A expectativa, entretanto, é que a casinha possa novamente abrir suas portas em breve, quando a região voltar para a bandeira laranja. A estrutura ficará montada em frente à prefeitura até o dia 10 de janeiro. “Temos álcool em gel e duas pessoas que ficam comigo para organizar o fluxo. Uma cuida da fila e outra fica aqui dentro [da casinha] para instruir sobre as medidas de segurança”, afirma.
O bom velhinho comenta que o momento está sendo muito difícil, principalmente, porque as crianças não entendem a situação que o mundo está vivendo. “Elas veem o Papai Noel como um ser imortal. Uma me perguntou: ‘se o Papai Noel é imortal, porque ele está de máscara?’. Então tive que responder: ‘para dar o exemplo’”, conta.
Mesmo diante das dificuldades do momento, o Papai Noel afirma que, neste ano, o Natal será um momento de fortalecer laços familiares e resgatar a união entre todos. “Eu sempre fui muito família e acredito que, nessas épocas, aquilo aflora. Ainda mais agora, com a pandemia, quando as pessoas não poderão se reunir com avós, tios, dindos… Será uma porção reduzida, como lá em casa. Eu tenho dois filhos, mas um mora nos Estados Unidos e não conseguirá voltar para o Brasil. Então seremos apenas eu, minha esposa e meu filho mais novo” revela.
Com a pretensão de ser Papai Noel “até que Deus” o dê força, Sandro afirma que é necessária vocação e muito amor para que a verdadeira essência do bom velhinho seja sentida pelas pessoas. “O Natal é uma celebração muito significativa, de família. E o Papai Noel é visto como uma pessoa que traz bom fluidos, de coração bom. E eu gosto muito, é como uma vocação”, afirma. “Que bom seria se todos pudessem ser Papais Noéis por ao menos um dia”, conclui.
Conheça mais sobre o trabalho do Papai Noel pelo Facebook @papainoelbentogoncalves e Instagram @papainoelbento.
Fotos: Eduarda Bucco