Um pequeno notável tradicionalista

Com apenas 4 anos de idade, Vitor Leandro Mann surpreendeu a família com a seguinte frase: “um dia vou ter uma família, uma casa e uma sala cheia de troféus e medalhas”. Embora surpresos com tamanha convicção, os pais, Daiane Carine Prediger e Ramon Leandro Mann, entenderam que o filho desejava muito ser um vencedor. Nunca imaginavam, porém, que as conquistas viriam tão rapidamente. Mesmo tendo experimentado diversas modalidades que poderiam lhe render muitas premiações, foi na cultura tradicionalista que ele encontrou sua vocação e hoje, aos 14 anos, coleciona 17 títulos como declamador, além de diversos outros como dançarino.


 

Sua admiração pelos costumes gaúchos começou muito cedo. “Percebemos que ele adorava estar pilchado e andar a cavalo. Ao mesmo tempo, nós o incentivamos a experimentar várias modalidades esportivas que pudessem levá-lo à conquista das suas almejadas medalhas, como natação, taekwondo, futsal e vôlei, mas ele insistia que queria participar do CTG”, comenta a mãe. 

Certo de que queria ser um tradicionalista, aos 10 anos Vitor começou sua trajetória no CTG Gaudério Serrano, como dançarino da Invernada Mirim e Chuleador. Já no ano seguinte, passou a integrar o Departamento Cultural e foi o 1° Guri Farroupilha da entidade, o que o levou para o tradicional “Entrevero de Peões”, onde pela primeira vez emocionou o público e os jurados com sua declamação. Desde então, ele estava convicto de que era aquilo que queria para si: declamar e tocar o coração das pessoas. “No CTG eu me sinto feliz e acolhido, fiz inúmeros amigos muito queridos que se tornaram essenciais. O que eu mais amo na cultura tradicionalista é declamar, pois é quando eu posso expressar meus sentimentos. Meu maior sonho é ser reconhecido pela arte de declamar", comenta o prodígio.


 

Para aprimorar cada vez mais a técnica, o pequeno contou com instrução e preparo de Neiton Bitencourt Peruffo  e do instrutor de chula Ariel Zimmermann, que também declamava. Em sua primeira participação em um evento oficial, no Rodeio Artístico de Carlos Barbosa, Vitor não se intimidou e demonstrou todo o talento, ficando com o 5° lugar.  De lá para cá, foram só conquistas e, em uma curta trajetória de 10 meses, de todos os eventos dos quais participou, esteve sempre entre os primeiros colocados, conquistando 17 troféus (só na declamação) até o momento. “Mais do que um símbolo da conquista, cada troféu representa uma experiência e conta uma história”, diz Vitor.

Mesmo diante de tantas conquistas importantes, para ele, a apresentação mais marcante aconteceu durante a inauguração do galpão da sua família – o Galpão Chão Farrapo Vovô Lauro e Vovó Amanda, quando teve a oportunidade de declamar pela primeira vez para os familiares. “Foi um momento único, feliz e descontraído, longe dos olhos dos jurados, mas perto de quem eu amo”, comenta Vitor.

A família, aliás, é a maior incentivadora. “Nunca medimos esforços. Eu, meu marido e a mana do Vitor [Valentina, de 8 anos] sempre o acompanhamos. Meu pai  e minha irmã também sempre se dedicaram muito, viajando junto e comprando adereços. É um apoio fundamental”, conta a mãe, Daiane.


 

Atualmente Vitor integra o CTG Herdeiros da Bombacha, pelo qual participa da Invernada Artística de Danças Tradicionais Juvenil e faz parte de um grupo de declamação, orientado pelo professor Joilson Ramos de Oliveira. Aliado às atividades tradicionalistas, Vitor também faz parte do projeto “Piazitos: no bolso de uma bombacha não cabe drogas”. Idealizado por Vera Lima Ceroni e Martinho Francisco Schitkoski, a proposta envolve meninos e meninas de todo o Estado na luta contra as drogas. 

MUDANÇA NA VIDA
O tradicionalismo também ajudou Vítor a lidar com o bullying que sofria na escola – ele cursa o 8° ano na Escola Municipal de Tempo Integral São Roque Professora Nilza Côvolo Kratz. Os pais contam que ele costumava ficar incomodado com as piadas relacionadas à sua altura, mas hoje se sente mais autoconfiante e as brincadeiras não o perturbam mais.  “Na declamação ele encontrou e superou fases difíceis dessa pré-adolescência e da cobrança que os jovens da mesma idade lhe impõem. Hoje ele consegue perceber que é um menino educado, inteligente, simples e humilde, muito querido por todos”, comenta o pai.

 

PREMIAÇÕES CONQUISTADAS POR VITOR

3° lugar no 26° Rodeio Crioulo Estadual de Garibaldi-RS, do CTG Sentinela da Serra. 
1°Lugar no 6° Rodeio Artístico Estadual do CTG Laço Velho de Bento Gonçalves-RS.
3° Lugar no VI Rodeio Crioulo Nacional de Criúva-RS, do CTG Pousada dos Tropeiros.
1° Lugar no 31° Rodeio Crioulo Nacional de Veranópolis-RS, do CTG Rincão da Roça Reúna.
3° Lugar no V Rodeio Internacional de Lagoa Vermelha-RS, junto à Festa Nacional do Churrasco, do CTG Alexandre Pato.
3° Lugar no XXV Rodeio Crioulo Estadual de Cotiporã-RS, do CTG Pousada dos Carreteiros.
1° Lugar XII Rodeio Internacional de Soledade-RS, do CTG Marciano Brum.
2° Lugar V Rodeio Internacional de Marau-RS.
2° Lugar 20° Rodeio Crioulo de Nova Bassano- RS, do CTG Pousada do Imigrante.
2° Lugar XXV Rodeio Crioulo Estadual de Guaporé-RS, do CTG Última Tropeada.
1° Lugar 38° Rodeio Crioulo Internacional de Osório-RS.
2° Lugar 5° Rodeio Artístico de Carlos Barbosa-RS, do CTG Trilha Serrana.
2° Lugar Enartinho da 11° Região Tradicionalista, em Serafina Corrêa-RS (2º melhor declamador Mirim da região em 2019).
1° Lugar Juvenil II Rodeio Artístico Nacional de Abdon Batista- SC, junto a 7° Edição do Celeiro da Poesia e 3° Festival Nacional de Declamadores, promovido pelo CF Flor de Ipê.
8° Lugar no Enart-Mirim, ficando como 8° melhor declamador no RS, em 2019.
1° Lugar na 4° Etapa do Festival Nacional da Cultura Gaúcha, que aconteceu durante o 19° Rodeio Crioulo, Artístico e Cultural das Barracas do Jacuí na cidade de Espumoso-RS do Gan Sepé Tiaraju.
3° Lugar na 5° Etapa do Festival Nacional da Cultura Gaúcha, que aconteceu durante o 12° Rodeio Artístico Nacional da Cidade de Chapecó-SC do CTG Herança Gaúcha.
1° Lugar no XIV Rodeio Crioulo Estadual de Encantado-RS, do GAN Anita Garibaldi.