Um presente para os pequenos campeões gaúchos
Desde que iniciou as atividades, em 2005, o projeto social “Jiu-Jítsu para Todos” mudou a perspectiva de vida de centenas de crianças provenientes de famílias de baixa renda, que deixaram o ócio e as ruas no período inverso ao das aulas para praticar o esporte motivadas pelo sonho de seguir a mesma trajetória dos professores: vencer campeonatos, viajar e conhecer o mundo. Muitas já chegaram longe ao conquistar a medalha de ouro em etapas do Circuito Gaúcho e ter a oportunidade de conhecer outras cidades do Estado através da luta, incluindo a praia, uma novidade para a maioria. Para outras, no entanto, o sonho de chegar aonde os professores chegaram vai virar realidade muito antes do que imaginavam.
Quatro jovens lutadores, todos alunos do núcleo situado na Escola Estadual de Ensino Médio Imaculada Conceição, foram escolhidos para disputar o Campeonato Brasileiro de Jiu-Jítsu, no dia 9 de maio, no Rio de Janeiro: Robert Rodrigues, 12 anos, Bianca de Barros Smalti, 11, Anailton Lisboa Costa, 13, e Tatiana Florkoski, 14. A iniciativa de proporcionar essa primeira experiência a alunos do projeto partiu de Adriano Smalti, Vando Vitorassi e Leandro Oliveira, professores voluntários do núcleo no bairro Conceição. Além da qualificação já alcançada pelos jovens para competir no mais alto nível da categoria no Brasil, eles querem que as primeiras crianças do “Jiu-Jítsu para Todos” a disputar uma competição fora do Estado tornem-se referência às demais, no sentido de continuarem no projeto e se dedicarem para um dia também terem a chance de viajar ao Rio de Janeiro e disputar o principal campeonato do país. Para tornar esta missão possível, no entanto, os professores precisaram lutar muito fora dos tatames. Segundo Smalti, a viagem somente será possível graças a um mutirão de doações da escola, de amigos que lutam na Garra e empresários que conhecem o projeto. Há pouco mais de três meses para a competição, quase a totalidade dos R$ 4 mil necessários para bancar as despesas foi viabilizada. “A escola comprou os quimonos, pois tem que ter o quimono padrão para lutar o Brasileiro. A gente também juntou 12 amigos, um vai dar R$ 50, outro vai dar R$ 100, outro R$ 200, são pessoas que conhecem o projeto, a maioria deles treina na Garra. Entramos em contato, pedimos apoio e eles toparam na hora”, conta.
A viagem vai durar quatro dias. Além de lutar, as crianças terão a oportunidade de conhecer pontos turísticos do Rio de Janeiro. “Como gratificação, a gente vai escolher dois pontos turísticos para mostrar que o esporte não é só chegar no local, competir e ir embora. Ele também proporciona a chance de conhecer outras culturas. Para as crianças, será um marco histórico essa viagem”, salienta o professor, destacando a reação dos atletas quando receberam a notícia. “Chamamos eles e conversamos. Tinha criança que estava chorando, até porque nunca saiu da região. As viagens que eles fizeram foi com o projeto para lutar, como no ano passado, quando levamos as crianças para disputar um campeonato na praia. Alguns não sabiam o que fazer, não sabiam se corriam para a água, se pisavam na areia, se tinham que tirar o chinelo para pisar. Cada vez mais a gente está brigando para proporcionar isso a eles. Em 2016 vamos brigar para levar alguém para fora, para os Estados Unidos ou para o Japão, vamos tentar sempre dar um passo a mais. Se não der para competir lá fora, vamos tentar aumentar o número de atletas no Campeonato Brasileiro”, conta Smalti.
Um dos mais entusiasmados com a viagem é o garoto Robert, que não consegue disfarçar o sorriso quando fala sobre o convite para disputar o Brasileiro. “O professor chamou eu e mais três e falou: vocês vão conhecer o Cristo Redentor e a praia de Copacabana. Foi uma surpresa!”, exclama, agradecendo a oportunidade de fazer parte do projeto. “Se não fosse o projeto, eu não teria essa chance. O jiu-jítsu, para mim, é a oportunidade de fazer muitas coisas, viajar e conhecer pessoas”, frisa. Tatiana, por sua vez, revela uma reação diferente quando recebeu a notícia. “Eu fiquei meio assustada, me deu uma emoção muito forte. Não imaginava que seria convidada”, conta.
Interessados em ajudar a financiar a viagem das crianças e colaborar com o projeto gerido pela Garra Team, que fechou o último ano com 580 jovens espalhados em nove núcleos, devem entrar em contato pelo telefone 9142 4257 ou e-mail adriano@garrateam.com.br. Além da experiência inédita de levar as crianças ao Brasileiro, a Garra também vem batalhando para possibilitar que cada vez mais alunos participem do Circuito Gaúcho. No último final de semana, nove jovens do projeto social estiveram presentes na segunda etapa do Circuito 2014/2015, em Capão de Canoa, e garantiram o primeiro lugar por equipes na categoria Kids (7 a 15 anos), com quatro medalhas de ouro, duas pratas e três bronzes. O objetivo é defender o título conquistado na temporada 2013/2014. “Toda ajuda é bem-vinda, porque a gente não tem só o Brasileiro. Se sobrar doações para a viagem ao Rio, vamos guardar no cofrinho deles e assim viabilizar mais inscrições para as próximas etapas do Gaúcho”, ressalta Smalti.
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