Uma lição de positividade no Outubro Rosa

“Com touquinha ou sem, me sinto bem de qualquer jeito”. Essa foi a resposta de Carla Raquel Rossi quando questionada como gostaria de aparecer nas fotos da reportagem. Sem tirar o sorriso do rosto em nenhum momento, a moradora de Garibaldi contou ao SERRANOSSA sua história de enfrentamento do câncer, episódio que, acima de tudo, ela encara com otimismo e considera uma lição para sua vida. 

Carla descobriu o nódulo em sua mama esquerda na noite de Natal do ano passado. Não tinha o hábito de realizar o autoexame, mas o fez ao se deitar, e foi quando sentiu um caroço. “Não parecia o que normalmente descrevem quando se trata de câncer e não quis acordar ninguém para contar àquela hora”, lembra. Após consultar com um mastologista, alguns dias depois, realizou uma ecografia e a primeira cirurgia, com a qual constatou que se tratava de um tumor maligno. 

Aos 31 anos, descobriu que tinha um tipo raro de câncer, que aparece somente na sua faixa etária. Mesmo com 90% de chance de cura, o tumor foi considerado agressivo e estava no estágio 3 (quando a doença se espalha por mais de um tecido), sendo causado por herança genética, e não hormonal. Duas de suas bisavós também contraíram a doença.  

“Quando se confirma o diagnóstico, você perde o chão, é um susto. Lembro que chorei por alguns minutos. Mas, depois, vi que vinha força de algum lugar”, recorda. Religiosa, direcionou suas preces à Nossa Senhora de Lourdes, de quem é devota. “Minha família ficou assustada por mais tempo que eu. E meu noivo é meu parceirão, me acompanhou durante todas as etapas”, acrescenta. 

Bióloga formada há dois anos, deu uma pausa no trabalho para se dedicar à cura, o que considera o principal aprendizado trazido com a doença. “O câncer me mostrou que precisamos nos dedicar a uma coisa por vez na vida e ter paciência. Agora, estou cuidando de mim”, afirma. O tempo é necessário, já que o câncer traz debilitações físicas e emocionais, causando muito cansaço. 

Em abril, foi inserido o cateter para a primeira quimioterapia, que foi seguida de mais três sessões “vermelhas” (com efeitos colaterais mais fortes) e 12 “brancas” (mais leves), realizadas em Caxias do Sul. No tratamento, perdeu os cabelos e pelos do corpo. Ela conta que, antes, cortou o cabelo curto para não notar tanto a queda, mas evitava se olhar no espelho nesse período. “Como foi durante o inverno, usava bastante touca. E me esforcei para me conscientizar de que cabelo cresce logo”, relembra. Finalizadas as quimioterapias há um mês, ela já comemora o crescimento dos fios. 

Planos para o futuro

Com o tumor detectado na casa dos 30 anos, antes da faixa etária considerada de maior risco, seu conselho para as mulheres em geral é que se apalpem. Para pessoas que, assim como Carla, estão enfrentando o câncer, ela recomenda: força, foco e fé. “Muitas vezes, é difícil, mas acredito que, se alguém passa por uma dificuldade, é para que cresça e evolua. Se a pessoa se fechar, não vai haver aprendizado. Por isso, faço questão de contar para todo mundo a minha história”, destaca. 

O contato com pessoas é considerado por ela um dos principais benefícios do tratamento: “trocou figurinhas” com outros pacientes, durante a quimioterapia, e com as profissionais da Liga Feminina de Combate ao Câncer de Garibaldi, onde também tem apoio para a aquisição de remédios. “Se algum dia chego à Liga para baixo, saio de lá bem. Elas dão apoio total, fazem o trabalho de coração”, completa. 

Na última semana, Carla iniciou a radioterapia, feita em Bento Gonçalves. São 20 sessões, com previsão de conclusão do tratamento no final de novembro. Para o mês seguinte, está com o casamento marcado. “Ficamos noivos logo antes do diagnóstico e mantivemos a data. Será uma vida nova. Vejo o câncer como uma experiência que me fez encarar a vida de forma diferente no momento certo. Me fez enxergar coisas que não via antes”, conclui. 

Reportagem: Priscila Pilletti


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