Uma luta incessante para ser mãe

Uma luta incessante para ser mãe.

As pequenas Pietra e Lorenza, de apenas quatro meses, enchem de alegria a casa da família Rampazzo. Os sorrisos, os choros, os novos movimentos e expressões todos os dias são a certeza de que elas vieram ao mundo para transformar de forma positiva a vida de todos. Elas ainda não sabem, mas são fruto de uma luta incessante de sua mãe, Cláudia Andréa Rampazzo, para que estivessem em seus braços.

Com o sonho de ser mãe, que alimentava desde muito jovem, Cláudia passou por diversas provações até engravidar. Sem a figura masculina no horizonte, alguém com quem partilhasse o mesmo ideal, Cláudia optou por uma “produção independente”. Sua luta começou aos 35 anos de idade – hoje ela tem 41 – quando, ao concluir sua pós-graduação, achou que era o momento de ser mãe. 

A primeira atitude foi entrar em contato com uma clínica de Caxias do Sul. “Mandei um e-mail perguntando se eles faziam inseminação para mulheres solteiras, porque no site e material de divulgação citavam sempre casais. E eles me disseram que sim, mas que eu teria que adquirir o sêmen”, conta ela, que pôde escolher as características do “pai”. Em seguida, Cláudia passou por uma série de exames e por um tratamento para receber a inseminação. 


Dois anos de tentativas

Logo em sua primeira tentativa, Cláudia recebeu a notícia que tanto sonhava: estava grávida. Mas a felicidade durou muito pouco. Ainda no primeiro mês, ela perdeu o bebê. Só neste procedimento, ela havia investido mais de R$ 6 mil. Frustrada, mas ainda esperançosa, quatro meses depois ela passou pelo mesmo procedimento. O tratamento não vingou nem nessa e nem nas outras três vezes que ela tentou. Foram dois anos de angústia, tristeza e muitas despesas. “Investi o valor de um carro novo, com certeza. Porque é preciso comprar sêmen, a medicação – que não é nada barata –, entre outras coisas. Pedi dinheiro emprestado para pai, mãe, tios, enfim, mobilizei a família inteira em torno do meu sonho. Fiz de tudo para dar certo, mas meu corpo não reagia. Foi um dos momentos mais difíceis da minha vida”, relata Cláudia. 

Descrente, ela buscou novas alternativas. Inscreveu-se no Fórum de Bento Gonçalves para adotar uma criança. Empolgada, ela mandou fazer, inclusive, um quartinho, na esperança de que, se alguma assistente social visitasse sua casa, enxergasse um lugar com segurança e amor para receber uma criança. 

Como o cadastro é nacional, ela buscou informações em outras cidades e Estados brasileiros e encontrou possíveis bebês que poderiam ser adotados. Mas suas expectativas foram brecadas pela burocracia. Ela precisava esperar. “Eu queria uma criança de até dois anos. Não me importava com as características físicas. Poderia ter até um irmãozinho que eu adotaria também. Mas não consegui. É muito difícil”, revela Cláudia, que segue na lista de espera por adoção até hoje.


Fertilização em vez de inseminação

Neste intervalo de tempo, uma clínica especializada abriu em Bento Gonçalves, a Embrios. Certa de que seu corpo ainda poderia gerar um filho, ela foi atrás de sua quinta tentativa. Na ocasião, a médica sugeriu tentar a fertilização em vez da inseminação. O procedimento, mais caro, porém mais eficaz, consiste em promover o encontro do óvulo com os espermatozoides fora do organismo da mulher, em laboratório. “Fizemos isso duas vezes e não deu certo. Os embriões ‘morriam’ antes de serem colocados no útero”, explica. Foi então que a clínica descobriu que os óvulos de Cláudia eram o real problema. 

Com a notícia, ela precisou tomar uma importante decisão: ou continuava tentando engravidar por inseminação artificial, ou poderia fazer a adoção de embriões de outra família. “A médica me adiantou que tinha embriões à disposição e que o procedimento era totalmente seguro. Mas fiquei com medo”, revela. Sua angústia era a de que, no futuro, os donos dos embriões pudessem querer seus filhos. 


Alegria em dose dupla

Depois de muita pesquisa e de ter a segurança quanto ao procedimento, Cláudia optou por fazer uma última tentativa, desta vez, em sigilo total – apenas a irmã sabia. Em maio do ano passado, ela fez a fertilização. Algumas semanas depois, recebeu a notícia de que finalmente teria um filho. Um não: seriam dois, ou melhor,  duas meninas. “Eu estava grávida de gêmeas. Você tem noção da minha alegria?”, questiona ela, ao lembrar do momento.

Muito emocionada, contou a novidade para toda a família. “Eles mal podiam acreditar que eu ainda estava tentando engravidar. Quando avisei que teria dois bebês, foi uma festa muito grande”, conta. Cláudia teve uma gestação tranquila e totalmente normal. “Foram 38 semanas de gestação, as meninas nasceram saudáveis, Pietra com 2,640kg e Lorenza com 2,830kg”, conta, orgulhosa.

Preparada para passar seu primeiro Dia das Mães ao lado de tão amadas filhas, Cláudia é só felicidade. “Elas são adoráveis, lindas, carinhosas. São a prova que tudo que eu fiz, sofri e lutei valeu muito a pena. Hoje, sou uma mulher completa”, comemora.

Para o futuro, Cláudia só espera que as meninas sejam felizes, que tenham saúde e que se orgulhem por ter uma mãe que as desejou tanto. Ah… Cláudia também espera que outro filho venha em breve. “Não saí e nem vou sair da fila de adoção. Sei que outra criança neste mundo precisa ser tão amada por mim quanto a Pietra e a Lorenza são”, avisa.

Cláudia também espera que sua história seja o incentivo e a esperança para que outras mulheres, que tentam ser mãe, não desistam. “Sabemos que é um investimento alto, que é um processo doloroso. Mas, acreditem, vale a pena não desistir dos seus sonhos. Deus sabe a hora certa para você ser mãe!”, incentiva.

Reportagem: Raquel Konrad


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