Uma safra da uva de 663,2 milhões de quilos, marcada pela qualidade

Festejada pelos vitivinicultores como uma das melhores safras de uva da década em termos de qualidade, a colheita 2018 contabilizou o ingresso de 663,2 milhões de quilos da fruta nas vinícolas gaúchas. O volume, considerado dentro da normalidade histórica, é 12% menor que a vindima anterior. Nesta safra, 113 variedades de uva foram colhidas em 129 municípios do Rio Grande do Sul, com processamento realizado em 64 cidades do Estado. Assim como nos últimos seis anos, 50% da produção foi destinada à elaboração de suco. 

Marcio Ferrari, vice-presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e coordenador da Comissão Interestadual da Uva, explica que a queda na produção já era esperada, devido, principalmente, a supersafra de 2017 – a maior da história –, quando foram colhidos 753,2 milhões de quilos de uva para processamento. “Naturalmente, depois de uma colheita muito grande a parreira fica debilitada, sofrendo uma redução na produção. Também tivemos poucas horas de frio no inverno de 2017, o que fez com ela brotasse menos e, consequentemente, diminuísse o volume”, assinala. 

O dirigente ressalta, ainda, a importância de uma boa matéria-prima para que os rótulos brasileiros continuem se destacando no mercado interno e no exterior. “A qualidade dessa safra se mostrou muito superior, tanto para os viticultores que vendem a uva para o processamento, como os que comercializam in natura. Quando falamos em qualidade é importante ressaltar que não levamos apenas em consideração a graduação de açúcar (brix), mas a sanidade e a cor da fruta. São esses três fatores que irão resultar em produtos de excelência”, pontua. 

O presidente do Ibravin, Oscar Ló, concorda com a avaliação do vice-presidente da entidade, elogiando a qualidade da matéria-prima para a elaboração de vinhos, espumantes e sucos de uva. “Será uma safra de referência, especialmente para os vinhos tintos de guarda. A nossa expectativa é que reflita positivamente no setor, ajudando impulsionar as vendas”, acrescenta.

Entre as cultivares com maior produtividade neste ano no Estado estão a Isabel, Bordô e Niágara branca, entre as americanas e híbridas, e a Moscato branco, Merlot e Chardonnay, nas Vitis viniferas. “Pelos números, a variedade Bordô mostrou um crescimento no volume, se aproximando mais da produção da Isabel, pois é uma uva mais rentável, que vem sendo bastante solicitada para a produção de suco. Também percebemos uma grande produção da Niágara, que praticamente não tinha produzido na safra passada”, explica Ferrari.   

Flores da Cunha foi cidade que mais produziu uvas para processamento. Já Bento Gonçalves teve o maior volume de vinificação. Neste ano, a safra de uva começou na segunda quinzena de dezembro, no Vale dos Vinhedos, e encerrou no início de abril, nos Campos de Cima da Serra, região de maior altitude no Rio Grande do Sul. O Estado responde por 90% das uvas para processamento no Brasil. 

Dados da safra de uva para processamento 2018:      

Total processado: 663.239.961 quilos de uva         
– Uvas americanas e híbridas: 597.699.541 (90%)
– Vitis viniferas: 65.540.421 (10%)

Destino das uvas:       
– Vinhos e derivados: 50%     
– Sucos e derivados: 50%       

Vinícolas ativas no Rio Grande do Sul: 682 

Vinícolas que processaram uvas em 2018: 410       

Total de municípios que produziram uvas para processamento: 129      

Total de municípios que processaram uva: 64       

Principais cultivares americanas e híbridas
Isabel (216.376.95kg)
Bordô (158.499.677kg)
Niágara branca (43.018.822kg)   

Principais cultivares Vitis vinifera: 
Moscato branco (11.170.250kg)
Merlot (6.201.038kg)
Chardonnay (6.052.520kg)

As safras anteriores*: 
Ano    Volume (milhões de kg)
2011    709,6
2012    696,9
2013    611,3
2014    606,1
2015    702,9
2016    300,3
2017    753,2

* Uvas para processamento de vinhos, espumantes, sucos e derivados. Dados referentes ao Rio Grande do Sul, provenientes do Cadastro Vitícola, mantido por meio de parceria entre Ibravin e Embrapa Uva e Vinho, com recursos do Fundo de Desenvolvimento da Vitivinicultura (Fundovitis).

MUNICÍPIOS COM MAIOR PRODUÇÃO

1º Flores da Cunha – 100.955.699kg
2º Bento Gonçalves – 98.519.420kg
3º Farroupilha – 58.824.662kg
4º Caxias do Sul – 54.376.210kg
5º Garibaldi – 46.018.252kg

MUNICÍPIOS COM MAIOR PROCESSAMENTO     
1º Bento Gonçalves – 214.034.814kg
2º Flores da Cunha – 171.074.079kg
3º Caxias do Sul – 57.558.581kg 
4º Farroupilha – 56.296.016kg     
5º Garibaldi – 36.064.892kg