Uma vida dedicada ao setor metalúrgico

Metalúrgico é o único ofício que Leonildo Pandolfo, de 60 anos, desempenhou na vida. Em sua carreira, já passou por três empresas e, há 35 anos, faz parte do quadro de colaboradores da Geremia Redutores, onde atualmente é coordenador de produção no setor de usinagem. Apesar de já estar aposentado há uma década, optou por seguir trabalhando a convite da empresa. “Estou aí até que a Geremia permitir”, garante. “Se eu parar de trabalhar aqui, eu não vou parar de trabalhar. Não gosto de ficar parado, eu não me sinto bem”, complementa. 

Nascido em Guaporé, veio a Bento Gonçalves para trabalhar, a convite de um amigo. Já tinha três anos de experiência em sua cidade natal, onde se qualificou para trabalhar com torno mecânico, função que assumiu ao ingressar na Geremia. Com as especializações promovidas pela empresa e a vontade que tinha crescer na profissão, aos poucos foi conquistando mais espaço. Depois de três anos, a convite de Sérgio Geremia, ele passou a ser líder de setor e, posteriormente, chefe de produção e supervisor. “É o próprio esforço da pessoa que leva a evoluir. Se demonstra interesse em crescer, os donos da empresa veem”, comenta. 

Nessas mais de três décadas, Pandolfo viu uma série de mudanças acontecerem. Se no início da carreira os processos dependiam muito mais da força manual, hoje estão mais relacionados a selecionar os comandos corretos conforme a peça que está sendo produzida. “Não é difícil, mas é preciso ter muita atenção”, pontua, explicando que um erro pode até comprometer a máquina e destruir peças caríssimas.

Pandolfo cresceu junto com a empresa. No início eram 17 funcionários, hoje são 220. Ele é um profundo conhecedor das diferentes etapas envolvidas na fabricação dos redutores. É capaz de conduzir um passeio através de cada um dos setores da produção, demonstrando, com detalhes, os processos necessários para transformar a matéria-prima no produto final. “O cliente quer tudo para ontem, nós temos que sempre estar em movimento, não podemos estar acomodados. É preciso tentar se aperfeiçoar dentro daquilo que se está fazendo”, garante. 

Ele já chegou a ter propostas de outras empresas, mas não pretende abrir mão das vantagens que tem, incluindo morar a poucas quadras do trabalho. “Aqui eu venho a pé e volto a pé. Dá para ficar mais tempo com a família”, conta ele, que é casado, tem duas filhas e um neto de três meses. Durante a semana, ele é o responsável por abrir a empresa nas primeiras horas da manhã, uma prova da confiança que lhe foi depositada nos 35 anos de dedicação. A relação cultivada vai além apenas do convívio dentro da empresa. Há 26 anos, motivado por Aldemiro Geremia, ele ajuda a mobilizar os funcionários para uma caminhada anual até o Santuário de Caravaggio, como forma de agradecimento. A próxima deve ocorrer em novembro. 

Ao longo da carreira, já viu vários colegas desistirem do ofício logo no início. O segredo para tantos anos de casa é, segundo ele, um só: persistência. “Nunca se deve abandonar um trabalho que não está dando certo na primeira tentativa. Tem que ser persistente, assim como no relacionamento com as pessoas. Se alguém tem um problema, tem que conversar e ver o que pode fazer para ajudar”, ensina.  

 

Esta é a 42ª reportagem da Série “Vida de…”, uma das ações de comemoração aos 10 anos do SERRANOSSA e que tem como objetivo contar histórias de pessoas comuns, mostrando suas alegrias, dificuldades, desafios e superações e, através de seus relatos, incentivar o respeito.