Uma Vida “Larga”

Certa ocasião, uma pessoa que foi muito próxima de mim – e que, se chegar a ler esta coluna, vai lembrar – disse que eu, Thiago, sou um privilegiado por ter sempre pessoas boas ao meu redor. Eu, por outro lado, também já disse, em outras ocasiões, parafraseando pessoas queridas e próximas, como o ilustre professor Jader Marques, por exemplo, que se eu for o mais inteligente daquele local, eu estou no lugar errado. Ou seja, eu nunca devo estar em um lugar onde eu não posso aprender nada. Por isso, eu procuro sempre estar em locais diferentes, com pessoas diferentes, e com quais eu sempre possa aprender alguma coisa. Afinal, há sempre alguma coisa acontecendo (“O Caminho do Guerreiro do Pacífico”, Dan Milman).

Pois bem, na sexta-feira passada, dia 17/04, tive a oportunidade de participar, a convite, de uma conferência virtual com o Frei Jaime Bettega, figura de referência na Serra Gaúcha, a quem eu me recuso, frente às suas credenciais, apresentar seu currículo de trabalho social, filantropia, dedicação e amor ao próximo. Naquela ocasião, Frei Jaime, com sua sabedoria e calma de sempre, expôs sua percepção do que estamos vivendo neste momento de pandemia.

Dizia ele que saímos do período da abastança, no qual temos tudo em larga escala, em excesso, ao nosso alcance com facilidade, para o período da escassez, quando até o afeto deve ser medido, já que os contatos físicos devem ser limitados, coibidos e até dispensados, haja vista o risco de contaminação ou disseminação do vírus. Em conclusão, Frei Jaime disse que tudo isso serviu, ou espera que tudo isso tenha servido, como eu também espero, para que aprendamos a conviver com a SUFICIÊNCIA, ou seja, com aquilo que eu preciso, em quantidade necessária, nada a mais e nem nada a menos.

Certo, Thiago! Mas e qual a lição principal que tu entendeste disso tudo? Não devo querer mais e mais? Não devo querer o melhor? Não devo querer?

Não! Nunca!

Mahatma Gandhi, em mais uma de suas célebres lições que ficaram para a história, disse: “Viva como se fosse morrer amanhã, aprenda como se fosse viver para sempre”. Então, o que eu tiro disso é que devemos aprender a viver com aquilo que é suficiente, com aquilo que nos faz bem, nada a mais e nem nada a menos.

E é daqui que eu tiro mais um célebre aprendizado, agora com complementação de explanação do meu querido Professor Jader Marques, que, em live da “Escola de Criminalistas” do dia 19/04, tratando da vida e de sua extensão, disse-nos que uma das coisas que ele aprendeu é que não temos como medir o comprimento da vida, pois não sabemos e nem nunca saberemos a sua extensão, mas temos como medir e ampliar a sua largura. Lição essa atribuída a Paulo Autran, que também dispensa apresentações, da mesma forma como Frei Jaime e Dr. Jader Marques.

Uma vida larga, assim conceituou o Professor Jader Marques: “é uma vida bem vivida, uma vida bem aproveitada, uma vida alargada”. Dentro do conceito de suficiência, então, uma vida bem vivida, a meu ver, é aquela na qual cabe o desenvolvimento e aproveitamento de nossas experiências, de nossas emoções, de nossas vivências para além do conceito de abundância, do TER, partindo para o caminho do crescimento intelectual e espiritual, do SER.

Isso não quer dizer que não devamos querer sempre mais e melhor. Isso quer dizer, em outras palavras, que, dentro do conceito de suficiência, dentro do conceito de “uma vida larga”, dentro do conceito do SER e não do TER, eu preciso identificar o que é o mais e o que é o melhor e aí, sim, como nos ensinou Gandhi, exposto acima, aprender com avidez e viver com intensidade.

Até a próxima!

 

Apoio: