URGENTE: Sem medicações suficientes, Tacchini suspende cirurgias oncológicas

A situação da pandemia do Coronavírus em Bento Gonçalves chegou, nesta semana, ao momento mais temido pelas equipes do Hospital Tacchini: o fim dos estoques de medicações importantes para pacientes graves. Conforme o superintendente do hospital, Hilton Mancio, o problema não é a falta de recursos, e sim a falta de disponibilidade para compra. “Hoje terminamos com a droga que é a primeira escolha de tratameto de pacientes em estado crítico”, lamentou durante coletiva de imprensa.

Diante do cenário preocupante, a instituição de saúde optou pelo cancelamento das cirurgias oncológicas por tempo indeterminado. “É triste ver o desespero dos pacientes e das famílias quando anunciamos o cancelamento, mas não temos medicamentos suficientes para fazer as cirurgias e tratar os pacientes em estado crítico”, afirmou Mancio.

No momento, o Tacchini aguarda a chegada de novos medicamentos do Ministério da Saúde e afirma que está buscando alternativas para garantir a aquisição por meio de importações, tendo em vista que os principais fornecedores não estão comercializando as drogas necessárias.  
“A suspensão das cirurgias não significa que o paciente oncológico não seja prioridade. Nós fomos afetados por uma variável externa. Queremos agilizar o mais rápido possível. Mas, se tudo der certo, amanhã esperamos fechar um pedido de exportação, que deve chegar em 20 dias”, revelou o superintendente.

Medicamento em falta

Conforme a diretora de divisão hospitalar, Roberta Pozza, o medicamento principal que está em falta no Tacchini é um bloqueador neuromuscular. Ele é utilizado para evitar qualquer estímulo em pacientes graves, entubados. “Pacientes com quadros graves, com comprometimento superior a 50% do pulmão, que precisam estar ligados a ventilador mecânico, precisam ter sincronia com esse equipamento. E em casos muitos graves de pneumonia, a troca de oxigênio fica prejudicada, então precisamos bloquear qualquer tipo de estímulo”, explica a médica.

Ainda conforme Roberta, a situação tem se agravado não somente por conta do aumento de internações e do desabastecimento, mas também pelo perfil dos pacientes. O Hospital está atendendo atualmente diversos pacientes acima de 100 quilos, os quais precisam de quantitativos maiores de medicação. “Essa droga que faltou hoje, em 2019 consumimos 200 ampolas por mês. Neste mês de março foram 32 mil ampolas”, informa Roberta.

Questionada sobre o estoque para os próximos dias, a equipe diretiva do Tacchini afirma que ainda há outros remédios que podem ser utilizados para substituir esse que já está em falta, mas que ainda não tem informações sobre a quantidade que será recebida nos próximos dias.

Mesmo assim, Mancio adianta que a expectativa é que não seja possível retomar o processo cirúrgico na semana que vem. “Isso envolve muitas variáveis. Se nós tivermos redução de internações nos próximos dias, isso vai reduzir nosso consumo e alongar nossos estoques por mais alguns dias. Mas nos próximos dias temos algumas drogas que deverão chegar no seu limite também”, alerta.