O futsal de Bento vive sua fase áurea. Com times competitivos, vitórias sobre os grandes e campanhas históricas, o Bento Gonçalves Futsal amenizou as saudades dos bons tempos da Reserg, que lotava o ginásio da Madecenter, mas que não chegou a alcançar, como o BGF, status de protagonista no salonismo gaúcho. Curiosamente, coube a um ex-jogador da Reserg a missão de ajudar a resgatar a força do futsal na cidade.
Na beira da quadra, Vaner Flores contagia. Gesticula, grita, chuta a bola imaginária quando o jogador está na cara do gol. E quando o time balança as redes, ninguém comemora mais do que o treinador. Dentro da quadra, nos treinamentos, entra em cena outro Vaner Flores. Calmo, paciente, docente. Mais racional. Um a um, ele orienta aos jogadores o papel que irão exercer em jogadas específicas. São mais de 50, grande parte lapidadas pelo próprio treinador, um estrategista nato. “Há jogadas para todos os tipos de situações. Algumas eu observo e adapto. Por exemplo, se há uma falta ao lado da área, os jogadores sabem qual movimentação devem fazer. Agora, se a falta for dois metros ao lado, há outra jogada, totalmente diferente. Temos mais de cinquenta predeterminadas. Ensaiamos exaustivamente nos treinos para colocá-las em prática no jogo”, conta.
Nas campanhas que levaram o time à terceira posição da Série Ouro, em 2011 e 2012, foi assim, com jogadas de bola parada, que o BGF venceu grande parte dos jogos. O quinteto movimenta-se como rabiscos de uma criança brincando com giz e, quando o adversário percebe, Vaner Flores está saltitando na beira da quadra, comemorando o gol. “As dificuldades são enormes no dia a dia, então quando o time obtém um triunfo, uma conquista, eu sou só coração. Diferentemente do dia a dia, quando você tem que ser racional para preparar a estratégia adequada para o momento”, relata.
Os 100 jogos, por mais que sejam apenas um número de três dígitos, não passam batido pelo treinador. Quando fala sobre a marca, Vaner Flores deixa transparecer o orgulho, principalmente por ser em Bento Gonçalves, onde residiu entre os anos de 1996 e 1999, por consequência do convite para atuar na Reserg. Em breve, Vaner voltará a morar na cidade com a esposa e filha. Deixará Garibaldi, onde também fixou uma marca como jogador e técnico. Mas não tão expressiva como em Bento. “Por tudo o que passei como jogador e agora técnico, minha passagem por Bento é mais marcante. Não é fácil você alcançar o que alcançamos nesses últimos dois anos com um clube de limitações como o BGF”, salienta.
No final da última temporada, Vaner recusou duas propostas para deixar o clube, uma de São Paulo e outra do Paraná. Ainda que fossem ofertas atrativas financeiramente, preferiu ficar, porque sente-se respaldado e reconhecido na cidade. “Esses dias tomei um táxi e o motorista disse que me conhecia de algum lugar. Perguntou meu nome e quando respondi, ele disse: ’Ah, o Vaner do futsal. Parabéns, você está fazendo um belo trabalho’. Chegar a 100 jogos tem muito valor para mim porque trouxe esse reconhecimento. É gratificante”, conta o treinador, que sonha em subir na carreira, mas sem sair de Bento Gonçalves. “É uma pretensão que foge um pouco da minha alçada, mas tenho um sonho: disputar uma Liga Nacional aqui em Bento. Das minhas metas profissionais, essa é, hoje, a maior delas”, ressalta.
Retrospecto positivo
Nos 99 jogos à frente do BGF, Vaner Flores somou 45 vitórias, 40 derrotas e 14 empates. Nas últimas duas temporadas, com a terceira posição no Estadual da primeira divisão, ajudou a colocar o futsal de Bento em um patamar que ainda não havia alcançado.
Copa Milanello
A Copa Milanello acontecerá no Ginásio Municipal Adolfo Stella, em Lagoa Vermelha, com a participação de quatro clubes. Nesta sexta, dia 22, às 19h, enfrentam-se Sananduva e Guaporé. Logo após, às 21h, entram em quadra Milan e BGF. Os vencedores farão a final neste sábado, dia 23, às 21h. Antes, às 19h, os perdedores duelarão pelo terceiro lugar.
Reportagem: João Paulo Mileski
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