Velha e feliz infância

Atualmente é tão comum ver crianças entretidas com smartphones, tablets, videogames e computadores que enxergá-las criando e montando o próprio brinquedo chega a ser surpreendente. Poucos sabem que, de forma simples e divertida, algumas brincadeiras pouco usuais nos dias de hoje podem ajudar no desenvolvimento dos pequenos. O Dia das Crianças, comemorado no próximo sábado, dia 12, é a data ideal para resgatar antigas brincadeiras que movimentam e divertem não só os pequenos, mas também quem já passou dessa fase e quer recordar os bons tempos de infância. 

A professora de educação física Franciele Guarnieri, monitora do Ceacri SEST SENAT, abraçou a ideia e ensinou as principais brincadeiras que marcaram sua infância a crianças com idades entre sete e nove anos. “Meu objetivo foi resgatar a ludicidade, fazendo com que elas criassem o próprio brinquedo e que se divertissem com coisas simples”, explica. Com material reciclado, a turma criou bilboquês, jogos da velha, cataventos, bola de sabão, pião e ainda brincaram de bolita e amarelinha. “Foi um dia incrível. Os alunos adoraram pois, para eles, tudo foi uma novidade”, revela.

O pediatra Sylvio Renan Monteiro de Barros, autor do livro “Seu bebê em perguntas e respostas – Do nascimento aos 12 meses”, afirma que algumas brincadeiras propiciam desenvolvimento motor e cognitivo e, claro, uma boa dose de saúde. “Na minha geração, talvez na sua também, a verdadeira essência da infância estava nas brincadeiras de rua ou no quintal de casa. A diversão era juntar os amigos sem perceber a hora passar. Brincar de amarelinha, pular corda, a dança das cadeiras, queimada, entre outras, foram responsáveis por boas risadas”, relembra o pediatra. “E o melhor: não era preciso dinheiro para ter essas e outras atividades a toda hora e à disposição de qualquer um”, completa Sylvio, que tem mais de 30 anos de atuação na área e é membro da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Apesar de o interesse por brinquedos modernos e tecnológicos ser considerado normal e, por vezes, preocupar os pais em função do uso excessivo, o médico ressalta que não se deve proibir a utilização, mas incentivar jogos em que seja estimulado o raciocínio e o movimento do corpo. Ele também reforça os benefícios das brincadeiras da “velha infância”, que devem e podem ser revividas no dia a dia das crianças do século 21. “Amarelinha, corda, jogos de queimada, futebol, handebol e dança da cadeira são alguns exemplos de brincadeiras de intensa atividade física, que contribuem com a queima de calorias e para a saúde e desenvolvimento dos pequenos”, acrescenta. A dica do médico é reunir toda a família para brincar. “Além de estimular seu filho, essa será uma oportunidade para dividir boas risadas e curtir bons momentos, além de fortalecer os laços familiares. E tudo isso é extremamente saudável, tanto para os pais quanto para as crianças”, aconselha.

Nova geração, velhas brincadeiras

Jaqueline Cabbre da Silva, 9 anos, foi desafiada a fazer um bilboquê, palavra que ela sequer conhecia. Acostumada a brincar no computador e de Barbie, a menina prestou atenção na professora e, com garrafa pet, tesoura e cola, produziu um colorido e divertido novo brinquedo. “Foi muito legal, levei o meu para casa para mostrar a todo mundo”, confessa a menina.

Yasmin Cruz, também de 9 anos, gastou suas energias na amarelinha, brincadeira que também conheceu através da professora Franciele, no Ceacri. Além de brincar na escola, ela consegue levar a atividade para seu bairro, onde se diverte com as vizinhas e amigas. “Também gostei bastante de brincar de bilboquê e pião”, disse Yasmin, que adora jogar vôlei.

Já Pedro Curtarelli, de 9 anos, foi apresentado às clássicas bolitas. Na cancha de areia, disputou com os coleguinhas quem tinha mais precisão. “Estou pensando em comprar algumas delas para brincar em casa”, contou ele, enfatizando que gosta de futebol, de andar de bicicleta e de computador.

Reportagem: Raquel Konrad


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