Venda de bebidas a menores será coibida

O aumento no número de casos de adolescentes embriagados tem preocupado representantes do Conselho Municipal Antidrogas (Comad) e da Promotoria de Justiça de Bento Gonçalves. Mesmo tendo lei específica no município sobre a proibição da venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos, comerciantes, organizadores e proprietários de bares não têm respeitado a legislação. Para coibir e punir os responsáveis, as fiscalizações em festas do tipo “open-bar”, onde há bebida liberada, serão intensificadas já a partir deste final de semana. Caso aconteça o flagrante de venda ou entrega de bebidas a menores, o responsável pela festa responderá a processo criminal. 

Uma pesquisa realizada no ano passado em 30 escolas de Bento Gonçalves, apontou que 53,6% dos entrevistados experimentaram álcool antes dos 18. Participaram do levantamento 1.417 estudantes, com idades entre oito e 18 anos. Entre os dados, o que mais chamou a atenção foi a experimentação anterior aos 10 anos, que representou 11,1% das respostas positivas. “Diversos estudos apontam média de idade de início do uso de álcool de 12,5 anos, variando conforme peculiaridades sócioculturais. Aqui no município, talvez em função da cultura do vinho, percebo indivíduos iniciando o uso de álcool ainda mais precocemente”, aponta Deivid Francioni, psiquiatra e coordenador da Comunidade Terapêutica Rural de Bento Gonçalves.
 

Risco à saúde

A busca por novas experiências e sensações é o que leva os adolescentes a experimentarem álcool. “O início precoce do uso de álcool traz risco de desenvolvimento de transtornos mentais, como abuso e dependência, de toxicidade hepática e de complicações cardiovasculares, entre as quais Infarto Agudo do Miocárdio. No entanto, os problemas mais decorrentes desse uso são as suas consequências, como aumento da incidência de doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada, acidentes de trânsito, problemas de comportamento, violência e ferimentos não intencionais”, explica o psiquiatra.

Conforme Francioni, os riscos aumentam em função do cérebro do adolescente ser imaturo. “O pleno desenvolvimento do Sistema Nervoso Central completa-se em torno dos 21 anos de idade, por esse motivo o jovem é muito mais vulnerável a desenvolver dependência ou lesões das células nervosas e sequelas. Quanto mais tardia for a experimentação de qualquer substância psicoativa, menor a chance de dependência. Nos Estados Unidos, por exemplo, é proibida a venda de bebidas alcoólicas para menores de 21 anos”, conta.

Diferente do que acontece com o organismo de um adulto, nos adolescentes a bebida alcoólica é metabolizada de outra forma, podendo causar prejuízos físicos, cognitivos e comportamentais distintos. “Podemos dividí-los em transtornos psiquiátricos, como a própria dependência química e o abuso de substâncias; e a comorbidade, com transtornos de ansiedade e de humor. Entre as consequências físicas estão as doenças hepáticas, cardiovasculares, gastrointestinais e uma infinidade de outros prejuízos”, alerta.

A pesquisa

Idade em que experimentou bebida pela primeira vez

10 anos ou menos – 11,1%
11 anos – 8,6%
12 anos – 9,8%
13 anos – 10,5%
14 anos – 7,7%
15 anos – 4%
16 anos – 1,3%
17 anos ou mais – 0,6%

Quantos porres já tomou

Nenhum – 63%
Um – 13%
Dois – 6,70%
Mais de dois – 16,30%

Quantas vezes bebeu nos últimos 30 dias

Nenhuma – 14,7%
Uma – 14,7%
Dois – 8%
Três – 4,8%
Quatro – 2,5%
Cinco – 2,6%
Seis ou mais – 60,8%

Tipos de bebidas mais consumidos

Cerveja – 48%
Vodka – 26%
Whisky – 20%
Pinga – 7%
Caipirinha – 28%
Aperitivo – 14%
Cooler – 37%
Vinho – 24%
Champagne – 14% 

*Pesquisa realizada em 2011 em 30 escolas de Bento Gonçalves, envolvendo 1.417 estudantes, com idades entre oito e 18 anos

 
Por que não beber antes dos 18

*O álcool é a porta de entrada para o fumo e drogas ilícitas;

*Afeta a capacidade de avaliar riscos e de controlar a impulsividade;

*Diminuiu o reflexo e o controle dos movimentos do corpo;

*O álcool pode deixar as pessoas deprimidas ou agressivas;

*Como o corpo de um adolescente está em crescimento, o consumo de álcool pode prejudicar a formação dos órgãos e afetar a saúde no futuro;

*A bebida danifica o cérebro e prejudica a capacidade de aprendizado;

*Quem bebe demais pode ter gastrite e desenvolver várias doenças, como cirrose e úlcera, a longo prazo.

Fonte: Revista Veja

 
Reportagem: Katiane Cardoso

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