Vereador filho de Sebastião Melo, prefeito de POA, é afastado da Câmara por envolvimento em esquema

A suspensão das funções parlamentares foi pedida à Justiça pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul

Foto: Polícia Civil/Divulgação

Como desdobramento da Operação Capa Dura, que apura suspeitas de corrupção na Secretaria da Educação (SMED) de Porto Alegre, o vereador em exercício Pablo Melo (MDB) foi afastado pelo prazo de 180 dias. A suspensão das funções parlamentares foi pedida à Justiça pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul e foi iniciada na terça-feira, 12/11, com o cumprimento de mandados da terceira fase da operação que investiga supostos crimes de fraude licitatória, associação criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva e ativa na secretaria.

A ação, liderada pela 1ª Delegacia de Combate à Corrupção (1ª Decor), cumpriu 14 mandados de busca na Capital e em São Paulo. Houve a prisão em flagrante de duas pessoas, por porte ilegal de arma de fogo, além da apreensão de notebooks, HDs externos, uma pistola, munições, relógios de luxo, dólares, joias, cheques e documentos. Foram efetuadas também medidas de suspensão do exercício da função pública, igualmente por 180 dias de um ex-vereador e de um ocupante de Cargo em Comissão na Procuradoria-Geral do Município (PGM). O político emedebista estava em Brasília durante o dia.

O que diz a Polícia Civil

Em nota, a Polícia Civil afirma que a suspensão das funções públicas do parlamentar “garante a integridade das investigações, afastando suspeitos de envolvimento nos ilícitos”. A investigação aponta o envolvimento de Pablo Melo na intermediação de compras supostamente ilícitas realizadas pela Smed. Também existem mandados de busca e apreensão contra o vereador.

O que diz Pablo Melo

Em nota divulgada à imprensa, Pablo Melo se disse “surpreso e indignado com a decisão”, mas anunciou que irá acatar a ordem judicial”.

“Recebo com surpresa e indignação a informação de que, por decisão judicial, estou sendo afastado das funções públicas pelo prazo de 180 dias. Tenho vida pública e partidária há mais de 20 anos, sem qualquer tipo de ação ou conduta que desabone minha trajetória. Caso isso seja confirmado, cumprirei a decisão, me colocando à disposição para qualquer tipo de esclarecimento”, disse.

A operação

Sob comando da Divisão de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro, do Departamento de Investigações Criminais (Deic), a ofensiva foi para conseguir provas contra suspeitos de integrar o núcleo que promoveu irregularidades licitatórias e manipulação de Atas de Registro de Preços na Smed entre os anos de 2021 e 2022. De acordo com a investigação, o processo de compra de materiais escolares na Smed era iniciado com o oferecimento direto do produto pela empresa, que já indicava qual ata deveria ser aderida e fornecia o conteúdo para os editais e termos de referência para aquisição.

Segundo o delegado Max Otto Ritter, essa inversão no processo de compra, que não se iniciava a partir de um estudo técnico de necessidade e adequação, mas sim pelo oferecimento direto pela empresa, teria resultado na aquisição de produtos desnecessários ou em excesso, contrariando o interesse público e beneficiando interesses privados. O prejuízo gerado ultrapassaria, de acordo com a delegacia especializada, R$ 58 milhões.

Ainda conforme o delegado, foi verificado o direcionamento e frustração de caráter competitivo da concorrência para beneficiar empresas específicas. Além disso, expressões e termos idênticos aos utilizados no material de divulgação das empresas suspeitas foram encontrados nos termos de referência, o que indicaria conluio prévio.

Também é apontado que houve tramitação acelerada dos processos licitatórios, que tinham carimbo de “urgência”, eliminando a concorrência no certame. Ainda de acordo com a apuração policial, a ausência de estudos que comprovassem a necessidade ou adequação das compras, com justificativas frágeis e insuficientes, e a falta de planejamento e logística de distribuição, resultaram em produtos acumulados em depósitos.

Por fim, o delegado Max Otto Ritter afirma que as fases anteriores da operação permitiram reunir provas de conluio, como transações bancárias e comunicações entre os suspeitos. Em outras palavras, isso caracterizaria crime de lavagem de dinheiro.

O que diz a Prefeitura

Prefeitura de Porto Alegre afirma que deu início às apurações, em junho de 2023, por determinação do prefeito Sebastião Melo (MDB), e dividiu todas as informações com os órgãos de controle e segurança. A gestão repudia qualquer malfeito com dinheiro público e seguirá atuando em plena colaboração com as investigações. Até o momento a prefeitura não foi notificada com relação a desdobramentos da operação policial.

Fonte: Correio do Povo

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