Vida de açougueiro
Um bom churrasco é a pedida ideal para o final de semana. Além de caprichar no preparo, é essencial que a carne seja bem escolhida. Para muitos, o segredo é ter um açougueiro de confiança. Sandro Bonini, de 39 anos, representa esse papel na vida de muitos clientes.
Com 16 anos de profissão, ele conquista o público pela simpatia e bom atendimento. “Eu aprendi a gostar do que eu faço”, destaca.
Há dois anos e meio, ele trabalha no Mercado Nichetti, no bairro Botafogo. Natural de Vitória das Missões (RS), mudou-se para Bento Gonçalves há 18 anos. Saiu do interior, onde morava com os pais, em busca de melhores oportunidades de emprego e escolheu a cidade a convite do irmão, que já morava aqui. Embora tenha se adaptado a morar em Bento, sente saudade da vida no campo – menos corrida do que na cidade – e, sempre que pode, visita os pais.
O primeiro contato com o trabalho no açougue aconteceu ainda na sua cidade natal. O proprietário de um mercado no interior precisava de alguém para desempenhar a função e ele aceitou o desafio. Ao trocar de cidade, Bonini chegou a trabalhar em uma indústria moveleira, mas não se adaptou e preferiu voltar a lidar com as carnes. Foi no dia a dia e com a prática que aprendeu o que sabe. “A carne é complicada de trabalhar, desde o manuseio correto até entender da qualidade”, comenta.
Entretanto, a parte mais desafiadora da profissão é, segundo ele, o atendimento ao público. Há os clientes mais fechados e os que gostam de uma brincadeira; os que vão às compras decididos e os que precisam de ajuda para escolher a carne ideal para o tipo de preparo pretendido. “É preciso bastante jogo de cintura. Agradar todo mundo não é fácil, mas a gente tenta fazer o possível. A maioria dos clientes saem daqui satisfeitos”, garante.
Apesar dos problemas de audição – ele não escuta no ouvido direito e usa aparelho no outro –, não encontra dificuldade durante o atendimento. “Não me atrapalha mais em nada, já me adaptei”, conta. Com os clientes do dia a dia – que costumam ir com mais frequência ao mercado para comprar a carne para o almoço ou jantar – o açougueiro costuma conversar mais. Como já trabalhou em vários pontos da cidade, fez várias amizades ao longo dos anos e seguidamente é reconhecido na rua.
Bonini trabalha de segunda a sábado, com uma folga por semana. Aos domingos, eventualmente ainda faz um extra em outros açougues. Ele também é do time que não dispensa o churrasco aos finais de semana. “Costela não pode faltar, é o principal”, comenta, dizendo que este também é o corte mais pedido, seguido pelo vazio e pela picanha. Nos momentos de folga, ele também gosta de sair para dançar com a mulher, Sirlei, com quem está junto há 18 anos e tem três enteados. A preferência do casal é pelos bailes de música gauchesca. “É bom para distrair, para sair da rotina”, acrescenta.
Esta é a 90ª reportagem da Série “Vida de…”, uma das ações de comemoração aos 10 anos do SERRANOSSA e que tem como objetivo contar histórias de pessoas comuns, mostrando suas alegrias, dificuldades, desafios e superações e, através de seus relatos, incentivar o respeito.