Vida de festeiros de Santo Antônio

Mais de 15 mil pessoas prestigiaram a programação da 140ª Festa de Santo Antônio na última quarta-feira, dia 13. O sucesso de evento religioso se deve à colaboração e engajamento de muitos fiéis, que, ano após ano, se dedicam a homenagear e demonstrar fé no padroeiro de Bento Gonçalves. A cada ano, os preparativos tem um sentido especial para seis casais que têm a honra de carregar o título de festeiros. É deles a missão de ajudar a divulgar a festa nas diferentes comunidades e organizar os eventos que fazem parte do calendário que antecede o maior dia votivo da cidade. Eles são personagens da 81ª reportagem da série Vida de… 


 

Horacio Elbio Forni Castillo e Maria del Rosário de León de Forni
O convite para serem festeiros da 140ª Festa de Santo Antônio surgiu após o casal ter desempenhado o mesmo papel na comunidade do bairro São Francisco. “Para nós, logicamente, é uma grande honra. A experiência de conviver com todas as comunidades é muito gratificante”, explica Horacio. Ele é casado com Maria del Rosário há 40 anos. Foi nessa época que trocaram o Uruguai pelo Brasil.  Eles têm dois filhos e dois netos bento-gonçalvenses e, apesar das quatro décadas no país, ainda não perderam o sotaque. A ligação com o catolicismo foi trazida do país de origem, mas foi ao participar ativamente das ações da igreja no Brasil que o casal passou a exercitar ainda mais a religiosidade. “Realmente é uma experiência única. Eu recomendo para todas as pessoas que puderem. É um convívio com diferentes classes, ideologias e formações. A gente aprende muito”, pontua Horacio. “Lamentavelmente está chegando ao fim”, acrescenta Maria del Rosário, artista plástica que foi uma das responsáveis pela organização da Mostra Centenária que ocorre no interior do Santuário, com quadros e esculturas em madeira. 


 

Nilzo Frare e Maria Petronilda Frare

São 40 anos de casamento e também 40 anos de dedicação à Paróquia de Santo Antônio. Há 32 anos, Maria é catequista, tendo atuado também como ministra da Eucaristia e em outros serviços ligados à igreja. Ela recorda que, quando os filhos eram pequenos, costumava levá-los para os eventos, mesmo quando ainda eram bebês e ficavam dormindo enquanto os pais trabalhavam. Aposentados, os dois tiveram tempo para se dedicar totalmente aos preparativos da festa. “Ficamos muito felizes com este convite. Não vimos passar o tempo. Foi uma nova família que formamos. É muito gratificante”, explica Maria. A união e o engajamento das comunidades foi um dos pontos destacados. “Nunca vamos nos esquecer das visitas, da emoção das pessoas que nos recebem. A gente se emociona junto. Em muitas capelas, vimos crianças servindo à Igreja. É um sinal de que vão crescendo dentro dela”, pontua Nilzo. 


 

Jaime Slodkovski e Leonice do Nascimento

A participação como festeiros na 140ª edição da festa de Santo Antônio representou um elemento importante na história da família, já que a filha de 11 anos acompanhou de perto as visitas às comunidades. Jaime e Leonice são casados há 19 anos e começaram o envolvimento com a Igreja na comunidade Santa Paulina, no loteamento Vista Alegre. Quando o convite surgiu, o casal não teve dúvidas em aceitar a missão. Desde setembro do ano passado, o grupo passou a reunir-se para acertar os detalhes da festa. A partir de janeiro deste ano, intensificaram-se as ações de divulgação. Quanto maior o envolvimento nos preparativos, Leonice conta que mais a fé se desenvolveu.


 

Marcelo Dall´Onder  Michelon e Caroline Carraro Michelon

Desde muito pequena, Caroline frequentava a missa nos feriados santos e domingos, costume herdado dos pais e avós. Além disso, a mãe dela frequentava semanalmente do Cenáculo de Maria, onde Caroline passou a participar do grupo de jovens, o que fez com que desde criança ela desenvolvesse o lado espiritual e aprofundasse seus conhecimentos sobre a fé, os santos, a doutrina e o catecismo da igreja católica, hábito que cultiva até hoje. “Sempre ouvia que cada um tinha que usar seus dons para cumprir a sua missão na sociedade. Um dia, quando questionada sobre a minha, desejei ser ‘luz’”, conta. Em uma festa de Santo Antônio, ao ver os festeiros, pensou que um dia também gostaria de colaborar dessa forma, mas jamais imaginou que o convite ocorreria tão cedo e justo quando o lema da festa a faria lembrar de seu desejo: “Sal da terra e Luz do Mundo”. Caroline é também catequista na paróquia Santo Antônio e, desde que casou combinou com o marido, Marcelo, que gostaria de transmitir a mesma criação ao filho. O casamento e o batismo do filho Antônio (homenagem ao padroeiro e ao avô paterno de Marcelo, que também foi “fabriqueiro” como era chamado na época) ocorreu no Santuário de Santo Antônio. A experiência de ser em festeiros foi muito gratificante pois proporcionou muita aprendizagem que levaremos para a vida pessoal e profissional, além de muitas alegrias”, destaca. Juntamente o marido, Caroline escreveu um livreto sobre o tema da festa e foi responsável pelo projeto de exibição do filme sobre a vida do santo no cinema para aproximadamente mil adolescentes em parceria com a secretaria municipal de Educação (Smed), aberta posteriormente também para a comunidade em geral, pela parceria com a ExpoBento e por todos os materiais e ações de marketing da festa. 


 

Sérgio De Toni e Marilene Tomasin De Toni

“Minha devoção a Santo Antônio aprendi com a nona. Quando a gente perdia alguma coisa, tinha que rezar para ele”, lembra Marilene. O casal já tem um grande histórico de participação em entidades e coordenação de eventos, como a Semana Farroupilha de 2009 por conta do envolvimento com o CTG Laço Velho. Morando na divisa entre duas comunidades, ao mesmo tempo em que frequentam a capela São José Operário, no bairro Fenavinho, pertencente à paróquia Santo Antônio, também participam das ações da igreja do bairro São Bento – Marilene coordena a catequese –, pertencente à paróquia Cristo Rei. Como festeiros, os dois ficaram responsáveis pela Ação entre Amigos, um trabalho que continuará até o próximo mês.  “De tudo em que a gente se envolveu, a festa de Santo Antônio foi diferente. Tem uma atração diferente”, avalia Sérgio, citando a união de vários fiéis e de diferentes comunidades. 


 

Rui Bellé e Simone Pegoraro Bellé

A fé em Santo Antônio foi aprendida ainda na infância, por influência dos pais, também devotos. “Sempre foi algo muito bom e importante para a nossa vida, então levamos essa fé conosco e passamos também para a nossas filhas”, comenta Simone. Durante os 29 anos de casamento, o envolvimento com a Igreja sempre esteve presente. Os dois participam ativamente na comunidade Espírito Santo, na linha Burati, assim como o restante da família. “Santo Antônio é muito próximo e humilde, sempre confiamos em sua interseção para com Deus”, destaca. O convite para serem festeiros foi encarado como um desafio importante na trajetória. “É uma experiência emocionante”, resume Rui.