Vida de primeira imperatriz do vinho

A alegria, o entusiasmo e o envolvimento de toda a comunidade são as principais lembranças de Sandra Guerra Mocellin – hoje com 67 anos – quando ouve falar em Festa Nacional do Vinho (Fenavinho). “Não é lugar-comum dizer que foi inédito”, garante, contando que os moradores se empenhavam para pintar as casas, arrumar os jardins e se ofereciam para trabalhar gratuitamente. A primeira edição da festa, em 1967, certamente marcou quem a vivenciou, mas para Sandra teve um significado ainda mais especial e um título que carrega por toda a vida: o de primeira Imperatriz do Vinho. “Era como se estivesse organizando uma festa na minha casa e fazendo tudo para receber bem as pessoas”, recorda.

Pouco tempo depois da festa, Sandra saiu de Bento para estudar em Porto Alegre, onde cursou Letras e Direito – não chegou a concluir por conta das demais atribuições. Na capital gaúcha, casou, teve dois filhos e passou em um concurso do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), onde segue trabalhando – a previsão é de aposentar-se neste ano. Embora não tenha mais familiares por aqui, sempre que pode, ela gosta de visitar a cidade, considerada por ela uma das mais bonitas do Brasil. “Meu coração sempre ficou em Bento”, comenta.

Convite inesperado

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A comissão responsável pela organização da escolha do trio de soberanas ficou encarregada de selecionar algumas jovens para participar. Sandra, na época com 16 anos, foi uma delas. Na cidade já eram realizados concursos de beleza, mas este seria o primeiro com a temática do vinho. “Eu não era tão desinibida e não pensava em ganhar. Acreditava que tinha pessoas que poderiam representar melhor Bento Gonçalves”, conta. Apesar disso, aceitou o convite, tendo apoio dos pais, familiares e amigos. “Era uma oportunidade de conhecer novas pessoas”, explica.

Naquela época os preparativos pré-concurso não eram tão intensos como atualmente. Sandra conta que as candidatas apenas receberam uma espécie de treinamento com informações acerca do município e da produção de uvas, como subsídio para a divulgação do evento. Os conhecimentos foram testados no dia anterior do baile, em conversa com o corpo de jurados, composto por jornalistas representando a imprensa gaúcha e os principais órgãos brasileiros de comunicação.

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O baile da escolha da primeira Imperatriz do Vinho ocorreu no dia 26 de novembro de 1966, nos salões de festa do Clube Ipiranga. Uma grande pipa de madeira foi instalada no salão, de onde saíam as candidatas para o desfile. Sandra recorda com carinho do momento e ainda costuma contar as passagens daquele dia para os amigos. Ela achou que tinha sido esquecida dentro da pipa, quando seu nome foi anunciado como vencedora. Sandra foi eleita imperatriz, tendo como damas de honra Iegle Gehlen e Liane Mazzini. “Eu fiquei muito contente. Saí e vi todas as pessoas vibrando”, relata.

Sandra ao lado do presidente da primeira festa, Moysés Luiz Michelon

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Viagens e boas-vindas ao presidente

Como imperatriz, sua missão era ajudar na divulgação do evento em todo o país. A agenda inclui idas ao Rio de Janeiro e São Paulo – lugares até então nunca visitados por Sandra – e participação em programas televisivos como o de Chacrinha e o de Hebe Camargo. Nos dias de festa as soberanas recepcionavam os visitantes, passeavam pelos estandes e tiravam fotos com o público. Entre os compromissos estava também a participação em festas nos distritos.

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O dia da abertura, 25 de fevereiro de 1967, ficou marcado na história do município como a primeira vez em que um presidente da república esteve em Bento Gonçalves. Sandra ficou encarregada de dar as boas-vindas ao marechal Humberto de Alencar Castelo Branco quando ele chegou ao pavilhão. Ela lembra que o som da banda que tocava na ocasião atrapalhou a compreensão das suas palavras e da resposta do presidente.  “Foi uma coisa bem marcante para a minha história. A Fenavinho me deu outra visão de vida e das pessoas”, observa.

Esta é a 15ª reportagem da Série "Vida de…", uma das ações de comemoração aos 10 anos do SERRANOSSA e que tem como objetivo contar histórias de pessoas comuns, mostrando suas alegrias, dificuldades, desafios e superações e, através dos seus relatos, incentivar o respeito

 

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