Vida de… quem ama servir à comunidade. Conheça a história de Giovana Garbin

Quem vê Giovana Garbin não desconfia da experiência de vida que se esconde por trás da farda típica de uma policial militar. Aos 31 anos, dos quais sete na Brigada Militar, ela acumula histórias que vão além do que a maioria das pessoas costuma vivenciar em uma vida inteira. Natural de Garibaldi e hoje morando em Bento Gonçalves, ela já foi bombeira voluntária por três anos e agente funerária por outros três anos e meio. 

“Desde criança a profissão sempre me encantou. Foi aos sete anos, em uma palestra na escola ministrada por um policial da Brigada Militar de Garibaldi, que tive certeza do que queria ser”, relembra. A decisão não agradou de imediato à família, especialmente o pai, de descendência genuinamente italiana. “Ele foi resistente no começo, mas acabou cedendo. Eu o vi chorar pela primeira vez na vida quando foi meu padrinho na formatura. Hoje, sou o orgulho dele. Já minha mãe, obviamente, teve um pouco de medo em razão dos riscos, mas sempre me apoiou”, conta Giovana, a única a seguir a carreira policial na família.

Versatilidade é uma das marcas da rotina de Giovana. Hoje ela integra a equipe de policiamento ostensivo (nas ruas), mas já trabalhou na Sala de Operações, no setor de Investigação e no Pelotão de Operações Especiais (POE). Embora ela já tenha atuado em situações que resultaram em tiroteios, um dos incidentes mais graves da carreira, em janeiro de 2011, não envolveu uma ocorrência desse tipo. Após a viatura em que ela estava sofrer um acidente próximo à Pipa Pórtico, ela teve uma fratura na cervical e precisou ficar três meses afastada, utilizando colar imobilizador. “Depois, foram mais 10 meses com trabalho restrito à Sala de Operações, pois ainda não podia usar colete [à prova de balas]”, relembra.

Uma das ocorrências mais marcantes é recente: o salvamento de um bebê de 21 dias de vida, engasgado com leite materno. A menina foi salva graças à Manobra de Heimlich, uma adaptação de uma técnica utilizada em adultos para desobstrução das vias aéreas superiores, como ocorre no caso de engasgamento. Aliás, foi a segunda vez, no período de um ano, que a soldado participou de uma ocorrência desse tipo e conseguiu salvar a vítima – em janeiro do ano passado, um bebê de 15 dias teve o mesmo problema e conseguiu sobreviver graças à intervenção dos policiais. “É gratificante poder ajudar. Apesar de eu não ter filhos, a experiência como bombeira e o conhecimento como policial, associados à calma que uma ocorrência desse tipo exige, nos permitiram salvar a vida dos bebês. Nos dois casos as famílias nos procuraram para agradecer, o que torna ainda mais emocionante”, relata Giovana.

A ocorrência mais marcante, do ponto de vista negativo, também envolve uma criança. “Foi um crime passional. O pai matou a mãe e depois tentou se matar na frente do filho deles, que tinha três anos. Fomos os primeiros a chegar no local e demorei a esquecer a cena daquela criança com o corpo todo respingado de sangue gritando que o pai tinha matado a mãe”, emociona-se. Esse tipo de situação, aliás, é o que a soldado descreve como o lado negativo da profissão. “A frustração de não poder ajudar, de não poder evitar um crime, de não estar no lugar certo e na hora certa é, com certeza, a pior parte”, garante. Em contrapartida, ser referência em situações de emergência e poder ajudar a comunidade são, para Giovana, o lado  positivo da profissão. “As pessoas têm o 190 como um número para situações extremas e muitas vezes acabamos chegando antes mesmo dos socorristas. Por isso é importante estarmos preparados para prestar o melhor serviço possível e ajudar quem precisa”, diz.

Giovana extravasa o estresse fazendo musculação, lendo e ouvindo música. “Isso me ajuda a relaxar”, garante. Sobre ser mulher em uma corporação tipicamente masculina? Ela tira de letra. “Em Bento há policiais do sexo feminino desde a década de 1980, o pessoal está bem acostumado. Mas nas ruas ainda enfrentamos certo preconceito. Muita gente duvida da nossa capacidade”, lamenta. 

A série Vida de…

Esta é a 12ª reportagem da Série “Vida de…”, uma das ações de comemoração aos 10 anos do SERRANOSSA e que tem como objetivo contar histórias de pessoas comuns, mostrando suas alegrias, dificuldades, desafios e superações e, através de seus relatos, incentivar o respeito. 

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