Vida de quem segue em quarentena
Se para muita gente a pandemia parece que acabou, para outros as medidas de controle de prevenção ao Coronavírus seguem rígidas. Em março, quando a cidade inteira era orientada a permanecer em casa, especialmente para que o Poder Público pudesse estruturar o sistema de saúde com equipamentos e insumos para o controle e tratamento do vírus, muitos seguiram à risca as determinações das autoridades. Agora, seis meses depois, quando o “ficar em casa” se tornou opcional, há quem não abra mão de cuidar de sua segurança e saúde mesmo que para muita gente a vida tenha voltado praticamente ao normal.
É o caso da professora Isadora Finoketti Malicheski, 33 anos, que se mantém firme de quarentena. Para ela, que só sai de casa para fazer as compras de supermercado e farmácia, é como se tivessem proposto um acordo: ficar em casa para cuidar de quem não pode ficar. “Como meu trabalho e condições de vida permitem que eu fique em casa, me sinto na obrigação de cumprir o ‘acordo social’”, explica a professora, que trabalha diariamente dando aulas remotas e mantém contato com amigos e familiares através das redes sociais.
Para ela, alguns afrouxamentos realmente são necessários e há serviços que devem ser continuados, mas o que a frustra é o fato de muitas pessoas estarem fazendo aglomerações e saídas desnecessárias de casa. “Alguns saem porque simplesmente cansaram, mas também estou bem exausta de ficar em casa! Penso que se eu pegar a doença provavelmente superarei por ser jovem e sem doenças prévias, mas muitos não teriam a mesma chance e eu poderia ser um vetor, mesmo sem conviver com tantas pessoas do grupo de risco. Penso que meu pai e mãe poderiam ser um desses infectados pela falta de preocupação das pessoas com o isolamento social, e é o compromisso que mais pesa na minha balança”, reitera.
Isadora, que atua no IFRS, ainda não tem perspectivas de retorno presencial ao trabalho, mas já existe uma preocupação em relação às medidas de segurança para a volta às aulas. “Estamos preparando as medidas, analisando as adequações que serão necessárias aos espaços, adequações pedagógicas (pois provavelmente serão turmas reduzidas e escalonadas por horários), de refeitório, entre outros. Estamos pensando em tudo para evitar que os alunos (e seus familiares , por tabela) sejam expostos, além de servidores e professores (muitos do grupo de risco), mas acredito que quando voltar certamente vá haver um esforço muito grande para que não ocorram surtos nas escolas e um retrocesso ao isolamento dos estudantes”, comenta. “Nem alunos nem professores estão satisfeitos tendo que dar aulas remotas, sem contato físico, mas está sendo ummal necessário”, completa.
Isolamento em família
A psicóloga Giovana Coghetto Sganzerla, de 24 anos, que atuava em uma clínica em Porto Alegre e como modelo, viu sua rotina mudar desde março. Com a paralisação das atividades, voltou para a casa dos pais, em Pinto Bandeira, onde permanece em quarentena desde então. Ela e a mãe são consideradas do grupo de risco, por terem problemas cardíacos e, por este motivo, optaram em seguir as medidas de isolamento recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). No entanto, segurar o patriarca da família em casa e fazê-lo usar máscara foi uma tarefa difícil. Não demorou muito para o pai de Giovana se contaminar com o vírus. “Essa foi a única vez que eu saí de casa, de fato. Eu e meu namorado alugamos uma casa no interior e ficamos em isolamento. Só retornamos após a recuperação do meu pai, que ficou praticamente trancado no quarto de casa”, conta.
Para ela, jovem e com muitos amigos, estar em casa é um grande desafio. “Como todos, eu também gostaria de voltar ao normal e que tudo isso já tivesse passado, porém, zelando pela minha saúde e de um familiar que convive comigo, optamos por continuar em quarentena, tendo em vista que o cenário ainda não é favorável a uma retomada (não do modo como está sendo feito). É muito frustrante, claro, não poder encontrar meus amigos, não poder jantar fora, viajar e até trabalhar, no meu caso. Sinto muita falta de tudo isso, mas ao mesmo tempo reconheço o privilégio que tenho de poder ficar em casa por todo esse período, sem maiores prejuízos”, comenta.
Para compensar essas “faltas”, Giovana tem seguido uma rotina que inclui terapia on-line, exercícios físicos em casa e outras atividades que, segundo ela, “dão prazer sem oferecer risco”.
Para se proteger
– Usar máscara
– Higienizar as mãos com frequência
– Utilizar lenço descartável para higiene nasal
– Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir
– Higienizar as mãos após tossir ou espirrar
– Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca
– Não partilhar alimentos, copos, toalhas e objetos de uso pessoal
– Evitar aperto de mãos, abraços e beijo social
– Reduzir contatos sociais desnecessários e evitar, dentro do possível, ambientes com aglomeração
– Evitar visitas a hospitais
– Ventilar os ambientes
Fonte: Secretaria Estadual de Saúde