Vida de… síndica: Michele Dall’Asta conta os desafios da função

Um prédio, 48 apartamentos e 95 moradores. Administrar um condomínio, lidar com as variações e individualidades de tanta gente e saber fazer a melhor escolha para um bem comum são os principais desafios da jovem bento-gonçalvense Michele Dall’Asta, de 28 anos, que desde janeiro de 2015 tornou-se síndica do prédio onde mora. 

Formada em Biologia e atuando como administradora em uma empresa ligada à cadeia de couros, Michele divide a atividade profissional com o trabalho de síndica. Na função, ela controla os serviços prestados ao condomínio, como faxineira, manutenções e leituras de luz, água e elevadores, acompanha as reposições de gás, a manutenção do jardim, faz orçamentos para benfeitorias e reparos de urgência, além de receber sugestões e reclamações de todos os tipos. “Desde que assumi, meu principal desafio foi organizar colaboradores, baixar custos de serviços e investimentos. Algumas coisas conseguimos fazer em pouco tempo, como a substituição de lâmpadas incandescentes por modelos de LED e também criamos mecanismos para reaproveitamento da água da chuva para limpeza de pátio e garagens. Também busquei uma parceria entre moradores, comissão e prestadores de serviços para facilitar o trabalho”, comenta a síndica. 

Doações e coletas
Por iniciativa própria e por sugestão de moradores, a síndica também criou iniciativas inovadoras no condomínio que ajuda a administrar: montou caixas que recebem tampas plásticas e lacres de latas de alumínio, posteriormente doadas para a ONG Ações para o Bem (para custeio de serviços veterinários e castração de animais de rua) e para a Anjos Unidos (entidade que realiza compra de cadeiras de rodas e acessórios para deficientes físicos); pilhas usadas, para devolução aos supermercados; óleo de cozinha usado, destinado a escolas que ensinam  crianças a reaproveitarem fazendo sabão; e roupas, que são repassadas à Paróquia Santo Antônio e ao Lar da Caridade. Se não bastasse tudo isso, a síndica ainda organiza novenas de Páscoa e de Natal. “É uma forma de unir as famílias, rezar e conversar sobre os problemas do nosso dia a dia e da nossa comunidade”, conta Michele, que também recolhe alimentos para o chá promovido pela igreja. 

Problemas mais comuns
Se em uma casa já ocorrem inúmeros problemas no dia a dia, imagina em um prédio inteiro, com quase cem moradores! E, no condomínio que Michele administra, os percalços não são poucos. Os mais comuns, segundo ela, são as reclamações entre vizinhos, especialmente de barulho, uso do salão de festas e de moradores inadimplentes. Um dos mais inusitados e tristes que ela precisou enfrentar foi a morte de um morador dentro do apartamento. “Ele morava sozinho e os colegas de trabalho sentiram a sua ausência. Com a presença da família, abrimos o apartamento e o encontramos morto. Foi um baque grande, não dormi por dias”, conta ela. 

Apartar brigas entre os moradores, vizinhos com hábitos peculiares (um tanto quanto anti-higiênicos) e uma garota de programa que recebia seus clientes no prédio são outros fatos curiosos para os quais Michele teve que buscar soluções em sua função de síndica. “Recentemente moradores ficaram presos no elevador e o equipamento permaneceu em manuteção por, aproximadamente, 15 dias. Foi um desespero coletivo!”, revela.
Mesmo diante de tantos desafios, Michele confessa que gosta de ser síndica. “O fato de organizar, administrar e fazer o bem me deixa muito satisfeita. Ao longo desses anos, acabamos criando um laço de amizade com os moradores, ficamos mais unidos, emprestando coisas, nos ajudando, fazendo janta na casa um do outro. Enfim, tem momentos difíceis, mas também tem o lado bom”, admite. 

Michele confessa que, antes de assumir a função, pensava como a maioria das pessoas, que o síndico era uma figura autoritária e imparcial, que implica com os moradores, que só cobra e exige. “Hoje vejo que é bem o contrário disso: a gente busca apenas a ordem, cumprimento de normas e a melhor vivência entre moradores. Sempre buscamos o melhor para todas as partes, economia, bem-estar e conforto”, conclui. 

Enviar pelo WhatsApp:
Você pode gostar também