Vidas importam

Temos presenciado, nesses últimos tempos, campanhas ao redor do mundo, em defesa das vidas negras. Esse movimento iniciou-se nos Estados Unidos da América quando de um episódio tido como um dos mais brutais da história moderna envolvendo abordagens policiais, nesses casos tidas por truculentas e demasiado exageradas.

Disseminado e conhecido mundialmente após a morte de George Floyd, e que veio à tona novamente na semana passada após a morte de Daniel Prude, também em abordagem policial, esse movimento surgiu lá em 2013 em função de situação semelhante, a apontada truculência em abordagem da polícia americana, que resultou na morte do jovem de 17 anos, Traivon Martin, ocorrida em fevereiro de 2012. 

Nesta semana, mais uma vez, mais uma situação foi trazida ao noticiário mundial, agora não mais dizendo respeito a uma vida negra, alvo de proteção do movimento, mas com um jovem autista cuja mãe havia pedido ajuda, já que estava com dificuldades com o filho, que estaria em surto. Na abordagem, esse jovem acabou sendo alvejado por, pelo menos, três tiros que o atingiram em partes diversas do corpo. A justificativa do policial: legítima defesa. 

Pois bem, afastando-me do juridiquês que seria corriqueiro em qualquer dissertação nesse sentido, bem como da postura do advogado de defesa que é esperada, ouso trazer algumas reflexões: quem de nós, em circunstâncias de risco, não adotaria qualquer conduta como forma de proteger a sua própria vida? Quem de nós, vendo-se ameaçado, não teria, seja por reflexo, seja por impulso, seja, ainda, com a intenção de proteger a própria vida e a vida de quem estivesse ao redor, não adotaria toda e qualquer conduta razoável para conter a atitude do possível agressor, quem quer que fosse ele? 

Em nenhum momento estou defendendo truculência policial. Ou qualquer truculência, violência ou abuso. Em nenhum momento estou justificando as mortes ou possíveis abusos praticados. Eu só quero que haja, de parte a parte, uma reflexão acerca do direito à vida. As vidas dos policiais também importam. Todas as vidas importam. 

Para alguns, a imagem da caveira, que nos desenhos animados representam o mal, e em geral são a simbologia da morte, nos relembra que, em verdade, somos todos iguais, representa essa igualdade. Afinal, por debaixo dos nossos rostinhos, independentemente da cor da nossa pele, da cor dos nossos olhos ou da cor dos nossos cabelos, tendo nós cabelos ou não, como é o meu caso, temos uma caveira, igual para todos. 

Então, não é a vida negra, branca, autista ou policial que importa, mas A VIDA. Defendamos, então, a vida. Qualquer vida! VIDAS IMPORTAM!

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