Vinícola Aurora recebe mais de cem participantes do 23º Congresso Brasileiro de Agrometeorologia
Visita técnica do 23º Congresso Brasileiro de Agrometeorologia (CBAGRO 2025) ocorreu na unidade Matriz da cooperativa Vinícola Aurora, em Bento Gonçalves

Bento Gonçalves (RS) — Se depender das horas de frio registradas ao longo do ano e das condições meteorológicas previstas, a safra da uva 2026 deverá estar entre as melhores dos últimos tempos. A constatação surgiu durante a visita técnica do 23º Congresso Brasileiro de Agrometeorologia (CBAGRO 2025), realizada na unidade Matriz da Cooperativa Vinícola Aurora, na última sexta-feira (17).
A atividade integrou a programação oficial do congresso e teve como objetivo apresentar práticas agrícolas e de manejo da uva adaptadas às condições climáticas, além de demonstrar sistemas de monitoramento e alerta meteorológico aplicados à viticultura da região.
Entre os fatores que sustentam o otimismo para a vindima estão as cerca de 400 horas de frio registradas até agora, combinadas com os efeitos do fenômeno La Niña. As previsões indicam ainda um verão com pouca incidência de chuvas, o que favorece a qualidade das uvas.
Durante a agenda, a cooperativa apresentou sua estratégia ESG, destacando ações de manejo sustentável, inventário de emissão de gases e cuidados com águas e efluentes, conforme divulgado no recém-lançado Relatório de Sustentabilidade.
“Na visita técnica, pudemos trocar experiências com pesquisadores sobre temas relevantes à viticultura e mostrar como a cooperativa aplica na prática uma gestão cada vez mais sustentável dos recursos naturais. O cuidado com o solo e o uso racional de insumos, por exemplo, é possível graças a ferramentas tecnológicas e técnicas de manejo que demonstramos aos participantes”, resumiu o gerente agrícola da Cooperativa Vinícola Aurora, Mauricio Bonafé.
Estações temáticas
- Estação 1 – O pesquisador Jorge Tonietto (Embrapa Uva e Vinho) demonstrou as características e delimitações da Denominação de Origem Altos de Pinto Bandeira, destacando como a combinação de solo, clima e forma de cultivo favorece a elaboração de espumantes no terroir. Na mesma estação, os engenheiros agrônomos Jonas Panisson e Juciel Cardoso explicaram como a cooperativa cultiva a matéria-prima que gera os produtos com DO. Foram detalhados suporte técnico, fatores humanos, sistema de condução em espaldeira, variedades permitidas (Chardonnay, Riesling Itálico e Pinot Noir), portas-enxertos e adubação. Também foram abordadas as características do solo, altitude média, média de temperatura e precipitação na região.
- Estação 2 – Adaptações no manejo da uva com base nos prognósticos climáticos – O professor Júlio Quevedo Marques (UFPEL) e os engenheiros agrônomos Maurício Fugalli e Jovani Milesi (Aurora) apresentaram técnicas para minimizar os efeitos de chuvas intensas ou estiagem prolongada. Marques destacou que as previsões de curto prazo (cerca de sete dias) são mais assertivas, mas que prognósticos mais precisos a partir de novembro consolidarão as expectativas para a safra. Os engenheiros demonstraram o uso de plantas de cobertura nos vinhedos e construção de patamares entre fileiras para escoar água, absorver umidade e evitar erosão.
- Estação 3 – Monitoramento meteorológico e sistemas de alerta – A pesquisadora Loana Cardoso (DDPA/SEAPI-RS) mostrou ferramentas de previsão do tempo aplicadas à fruticultura. Os engenheiros agrônomos Júlio Taufer e Flávio Rotava (Aurora) detalharam como a cooperativa instrui os cooperados no manejo, utilizando estações meteorológicas e outras ferramentas tecnológicas, além de reforçar cuidados em todos os ciclos da videira, sempre atentos às alterações climáticas.
Sobre o Congresso
O 23º Congresso Brasileiro de Agrometeorologia ocorreu de 14 a 17 de outubro, no Centro Cultural da UFRGS, em Porto Alegre (RS). Promovido pela Sociedade Brasileira de Agrometeorologia (SBAgro) e coordenado pela UFRGS, o evento teve como tema central “Resiliência Climática, Ciência e Inovação na Agrometeorologia”. A edição reuniu mais de 500 congressistas do Brasil e do exterior, discutindo desafios climáticos na agricultura e o papel da agrometeorologia na formulação de políticas e estratégias de adaptação.