Vinícola Salton emite nota após comentários sobre assalto em Criciúma em programa de rádio
A Vinícola Salton, com sede em Bento Gonçalves, foi um dos patrocinadores que emitiram nota de repúdio e anunciaram o cancelamento do contrato com o programa Timeline, da Rádio Gaúcha, do Grupo RBS, em razão de comentários dos comunicadores David Coimbra e Kelly Matos sobre o assalto a banco em Criciúma (SC), que deixou um policial gravemente ferido na última terça-feira (01/12).
O teor dos comentários logo teve repercussão e outras empresas patrocinadoras, como Biscoitos Zezé, Unicredi, Santa Clara e Sebrae, também anunciaram o fim do contrato e repudiaram as declarações.
Em nota, a Vinícola Salton destacou que, como marca, "valoriza a família, a tradição e as comunidades em que está inserida", destacando que os comentários dos jornalistas "não condizem com os valores que a empresa defende.” "Não há contexto possível para tais comentários, no mínimo desrespeitosos e debochados. […] Nossa solidariedade e carinho à cidade de Criciúma e em especial aos familiares e amigos do policial ferido", escreveu a Zezé.
Os comentários
Na última quarta-feira (02/12), David e Kelly começaram a conversar sobre o assalto em Criciúma. "Estavam contando ontem que eles [os criminosos] chegaram em um dos funcionários do banco e perguntaram: 'Quanto tu ganha?'. Aí o cara disse, sei lá, dois mil, três mil reais. E eles falaram: 'Tá vendo só? É por isso que estamos assaltando. Não estamos tirando dinheiro de ninguém, é dinheiro do banco'", apontou David. O comentarista sugeriu que havia "uma filosofia" na ação dos assaltantes. "É verdade que teve um policial que levou tiro, um vigilante também, mas se não tivesse intervenção, tudo teria decorrido numa boa. […] São bons assaltantes. Dão uns tiros, é verdade, têm bombas. Mas fazem aquilo só para pegar o banco, a instituição, entendeu?", opinou.
No fim do comentário, David destacou que não estava "defendendo assalto a banco", mas sim mandando um recado para assaltantes pelo país para serem como os criminosos de Criciúma, que "respeitavam o cidadão". Kelly encerrou os comentários lembrando uma fala do filme "Assalto ao Branco Central". "Tem um personagem que diz assim: 'Crime não é roubar o banco, é fundar o banco'", citou.
No dia seguinte, o jornalista se retratou, repetindo que não estava defendendo o assalto a banco, e dizendo que seu comentário foi carregado de ironia. "Mas, quando alguém faz ironia e muita gente não entende, é culpa de quem fez", apontou David.
O que diz o Grupo RBS
O Grupo RBS, que administra a rádio Gaúcha, respondeu à repercussão negativa dos comentários dos jornalistas com uma nota em seu site oficial. Confira na íntegra:
“A respeito de manifestação feita pelo comunicador David Coimbra, no programa Timeline da última quarta-feira (2), sobre o assalto em Criciúma (SC), o Grupo RBS informa que não houve intenção de minimizar a gravidade da ação criminosa e de ofender as empresas, os cidadãos e os policiais que foram feridos. O comunicador se retratou no ar nessa quinta-feira (3). A RBS pede desculpas pelo ocorrido e afirma seu respeito às instituições financeiras e às forças policiais, assim como a todas as pessoas atingidas pelo lamentável episódio. A linha editorial da RBS nos assuntos de segurança busca auxiliar cidadãos e empresas a se protegerem e valoriza as forças policiais na defesa da lei e da sociedade. A empresa tem como princípio estar aberta às críticas e aos questionamentos de todos, para ouvir suas percepções sobre todo e qualquer tema e estabelecer uma relação constante de diálogo e respeito. Essa atitude será reforçada nos próximos dias com diversos setores da sociedade com o propósito de aperfeiçoar o seu jornalismo responsável e independente.”