Violência contra a mulher: aumenta o número de vítimas que procuram ajuda

A busca ativa das vítimas, iniciada em julho de 2017, aumentou em 55,4% o número de mulheres que procuraram pela primeira vez o Centro de Referência da Mulher – Revivi. O trabalho consiste na localização da vítima a partir dos encaminhamentos e denúncias, apresentando e oferecendo os serviços disponibilizados. Em seis meses foram 1.190 contatos deste tipo, o que representou um aumento de 2,54 % nos atendimentos gerais em comparação com 2016, mantendo a média de 70 atendimentos por mês.

Apenas 9% das mulheres procuram o serviço espontaneamente. Os encaminhamentos – especialmente pela Delegacia Especializada de Atendimento às Mulheres (DEAM), Fórum e Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) – correspondem a 57%, seguido pela busca ativa (34%). 

Conforme a responsável pela Coordenadoria da Mulher e pelo Centro Revivi, Regina Zanetti, a busca por informações, orientações e esclarecimentos aumentou em 200%, tendo como os principais esclarecimentos: Lei Maria da Penha, separação do casal, guarda, visita e pensão alimentícia dos filhos. Por outro lado, o número de não comparecimento aos horários agendados foi considerável: 438 faltas – em 2016 a estatística não estava sendo computada.  Nas reincidências, ocorreu aumento de 3,6%. “Muitas mulheres acabam voltando para o agressor não por masoquismo ou loucura, como muitas pessoas alegam. Sem saúde, educação, trabalho e habitação, não resta outra alternativa à mulher e seus filhos, senão retomar a convivência com o agressor, prorrogando-se sua humilhação e sofrimento muitas vezes perpetuamente”, pontua.

Dentre os novos casos, a análise dos dados preliminares acerca de escolaridade, faixa etária, número de filhos e tipos de violência vivida pelas usuárias, corrobora a ideia de que a violência contra a população feminina não é um fato apenas dos grandes municípios, estando presente em todos os níveis sociais e culturais. Os resultados mostram que a agressão sempre vem acompanhada de duas ou mais formas (psicológica, física, moral e/ou patrimonial), sendo que as maiores denúncias foram por violência psicológica, através de ameaças. A porcentagem de mulheres atendidas pelo serviço que registrou ocorrência contra o agressor na DEAM chegou a 89%. Os Boletins de Ocorrência são registrados principalmente no primeiro dia útil subsequente ao final de semana ou feriado, demonstrando o resquício do final de semana conturbado das famílias.

Ocorreu crescimento significativo no índice de violência doméstica entre as mulheres com baixa escolaridade, em destaque o Ensino Fundamental Incompleto (aumento de 81%) e o Ensino Médio Incompleto (aumento de 119%). Uma das justificativas pode ser o comprometimento dessas mulheres com afazeres domésticos, a não valorização do término dos estudos, ou até mesmo a oposição que muitos companheiros fazem quanto à mulher sair de casa para estudar. “O baixo nível de instrução faz pensar que as políticas educacionais brasileiras não conseguem suprir a demanda e os recursos utilizados pelas vítimas sejam precários em termos de informação, inclusive em qualidade de vida. Representa, igualmente, uma importante restrição ao mercado de trabalho mais valorizado para a mulher, em atividades melhores remuneradas, promovendo a dependência financeira e emocional do companheiro, o que dificulta a quebra do ciclo de violência”, destaca.