Vítimas de médico acusado de abuso sexual passam por perícia psíquica do IGP

Sete mulheres realizaram perícias psíquicas, que  fazem parte do inquérito que aponta os crimes cometidos pelo cirurgião plástico Klaus Brodbeck contra 21 vítimas, em Porto Alegre. Parte delas foi encaminhada para a Seção de Perícias Psíquicas em Adultos, do Departamento Médico-Legal (DML) do IGP, como forma de comprovar as denúncias feitas contra o médico.

O homem foi indiciado por importunação sexual, assédio sexual, estupro, estupro de vulnerável, coação no curso de processo e violação sexual mediante fraude.

Desde 22 de julho, quinze mulheres foram encaminhadas e sete compareceram ao DML para serem ouvidas. Sete laudos periciais já foram remetidos à Delegacia da Mulher e fazem parte do complexo probatório. No caso mais antigo, o abuso teria ocorrido há vinte anos, o que não impede a comprovação do crime. As perícias psíquicas são indicadas justamente em casos onde não existe materialidade, ou seja, não há mais vestígios forenses que possam ser analisados. “Quando ocorre um evento traumático, a vítima pode lembrar dos fatos e das suas consequências por muito tempo” explica a chefe da Divisão de Perícias Especiais do DML, Angelita Machado Rios. “O material recolhido até agora é muito rico. Esperamos ter contribuído decisivamente com as investigações”, complementa.


 

A perícia psíquica consiste em uma entrevista investigativa composta de dois momentos: relato dos fatos notificados e avaliação do estado mental. No primeiro momento, a vítima é convidada a relatar o que aconteceu. Depois, são feitas algumas perguntas mais específicas, para aumentar a quantidade e qualidade das informações. O entrevistador procura perceber se o relato do evento traumático se mantém ao longo da narrativa e qual o impacto psíquico que a situação notificada trouxe à vítima. Também avalia se os sinais e sintomas de sofrimento psicológico apresentados guardam nexo causal com o fato que foi relatado. O procedimento pericial é realizado por peritos médico-legistas com formação em Psiquiatria ou peritos criminais da área da Psicologia. Para algumas vítimas, também foi oferecido o serviço de Acolhimento Psicossocial do DML – o encaminhamento é feito sempre que a vítima apresenta dificuldades para relatar a violência ou precisa do apoio de outros órgãos envolvidos na rede de proteção