Vitivinicultura: mudanças climáticas devem causar quebra na safra da uva de 2016

Um ano com condições climáticas atípicas na Serra Gaúcha deve prejudicar a safra da uva de 2016, conforme preveem especialistas. As cultivares plantadas na região, adaptadas ao terroir das quatro estações bem definidas, devem produzir menor quantidade de frutos no próximo ano. O quantitativo da quebra e a qualidade da fruta devem ser definidos na semana que vem.

Todo o ciclo produtivo da videira foi afetado neste ano, situação que interfere diretamente no resultado final da produção. O inverno foi pouco rigoroso, o que é definitivo para a formação dos frutos. “A planta necessita de horas de frio para a formação das gemas, que é o que dará origem aos cachos”, explica o técnico da Emater Thompson Didoné. Assim, um menor número de cachos foi emitido ainda em sua concepção.   

O mês de agosto de 2015 foi o mais quente dos últimos 75 anos, sem nenhuma das 78 horas de frio (temperaturas abaixo de 7,2ºC) esperadas. Isso acabou antecipando a brotação e deixando a videira mais suscetível às geadas que ocorreram em setembro. Segundo Didoné, os dois registros de gelo não foram fora de época, mas acabaram causando danos. Localidades como o distrito de São Pedro ainda tiveram prejuízo causado pela ocorrência de granizo, no mesmo mês. 

As chuvas excessivas provocadas pelo El Niño, considerado rigoroso neste ano, também são determinantes para o volume de uvas. De acordo com o técnico da Emater, as precipitações abundantes causam abortamento floral e, consequentemente, a redução de frutos. “Debatemos este assunto no Conselho Municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento nesta semana e estamos nos preparando, sim, para uma diminuição na safra de uva”, enfatiza Didoné.  

O percentual da perda ainda não foi calculado e todos os tipos de uva foram atingidos, em maior ou menor proporção. No campo, já se observam menos cachos das cultivares precoces, como Concord, Bordô, Seibel e Niágara, utilizadas, principalmente, para a fabricação de suco ou consumo in natura.  

As semanas anteriores à colheita são decisivas para os números finais e, principalmente, para a qualidade. O técnico da Emater explica que, com número reduzido de cachos, a parreira pode concentrar mais o açúcar das bagas. “O ideal é que, na colheita, não chova durante o dia, também para evitar doenças e podridões. Provavelmente, a qualidade estará boa, mas teremos uma ideia melhor em cerca de duas semanas”, avalia Didoné.

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