Vôlei: da água para o vinho

“Mudou da água para o vinho”. Com essa frase, a diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria Margarida Zambon Benini, Odete Maria Poloni Forti, resumiu a diferença de comportamento dos alunos antes e depois do início do projeto que levou voleibol de forma gratuita para o ginásio da escola, situada no bairro Vila Nova 2. Idealizado pelo professor Clemente Mieznikowski, que desde 2008 trabalha na instituição, o projeto está prestes a completar dois anos e atende a cerca de 50 crianças duas vezes por semana. 

De acordo com Odete, a disciplina imposta pelos professores que participaram da escolinha de voleibol gerou uma reação em cadeia em todos os alunos da escola: “Mesmo aqueles que não frequentam as aulas, veem as atitudes dos alunos do projeto mudar e tomam como exemplo”, descreve. 

A diretora admite ainda que a ideia de atividades complementares coordenadas por pessoas de fora do quadro de funcionários causou resistência: “Havíamos tentado antes sem sucesso. Notamos que os alunos estavam mudando quando eles começaram a formar fila indiana por conta própria para entrar no ginásio. Depois disso, começamos a abrir espaço para outros projetos”, completa.  

Atualmente, as aulas são ministradas no pátio da escola, uma vez que a estrutura do ginásio ficou comprometida com uma forte chuva ocorrida no dia 19 de setembro deste ano.  

Processo padrão

Para Clemente, a melhora na disciplina dos alunos não foi acidental. Antes de iniciar as aulas ele e o professor Renato Duarte montaram um procedimento padrão para as aulas, baseado na experiência e nos estudos de ambos. “Queríamos um método que nos permitisse ensinar vôlei a todas as crianças interessadas. Mas como os alunos não aprendem todos ao mesmo tempo, isso implica em se ter muitas estratégias e práticas pedagógicas diferentes. Às vezes, você precisa dar três aulas em uma só para poder manter todos motivados e concentrados. Isso está previsto no nosso programa, por isso dá certo”, avalia. 

De acordo com Clemente, a sequência de ensino foi tão positiva a ponto de ser ampliada para as categorias de base do Bento Vôlei, no início deste ano. Segundo ele, os efeitos registrados têm sido os mesmos. “Antes cada um dava sua aula de acordo com o que achava mais correto, mas com o estudo conseguimos detectar a forma mais eficiente de ensinar”, avalia. 

Para o professor, essa estratégia de ensino pode ser ampliada e aplicada em todos os esportes. “Um dos aspectos da crise educacional do nosso país são os conteúdos descontextualizados, que não despertam o entusiasmo do aluno em aprender. Com o esporte, conseguimos ir além. Muito mais do que apenas motivar, o processo de ensino do vôlei faz o aluno ser desafiado constantemente. Mas como o resultado é imediato, cada etapa aprendida causa mais empenho. Essa disciplina não é imposta, mas entendida e realizada naturalmente. Com isso, as crianças adquirem o hábito de nunca desistir”, conta.

Clemente vai ainda mais longe. Segundo ele, esse processo pode ser adaptado até mesmo para outras matérias do currículo escolar. “Hoje o método de ensino na escola não atrai mais o aluno. Assim como temos níveis de aprendizado diferentes no esporte, temos na sala de aula. Através da nossa experiência percebemos que não se pode simplesmente dar aula para todos de forma igual”, complementa. 

Reportagem: Alexandre Brusa


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