Volta às aulas: “Ela gritava pela casa quando contei a novidade”

Apesar da polaridade de opiniões em relação ao retorno às aulas presenciais, muitos pais e suas crianças comemoraram a notícia no início da semana. A pequena Maria Fernanda Camargo, de apenas 4 anos, não via a hora de reencontrar os colegas e professores. Na tarde desta quinta-feira, 29/04, ela voltou à escola após dois meses de suspensão das aulas. “Foi um alívio e felicidade por parte da Maria. Ela gritava pela casa quando contei a novidade”, relata a mãe Morgana Formalioni. 


Maria, de apenas 4 anos, voltou à escola na tarde desta quinta-feira, 29/04. Foto: Arquivo pessoal
 

A frustração de ficar longe da sala de aula acompanhou a família de Maria no ano passado, que imediatamente levou a pequena para a escola quando as atividades presenciais retornaram em setembro. Em fevereiro deste ano, a expectativa de preencher as lacunas no aprendizado do ano passado foi novamente frustrada com a suspensão das aulas em fevereiro. “Foi uma tristeza. A impressão era que estávamos  vivendo a continuação de 2020”, recorda Morgana. A mãe ainda conta que, com o passar das semanas, as perguntas sobre quando poderia retornar à escola ficaram cada vez mais frequentes. “Isso corta o coração de qualquer mãe, porque ela realmente gosta de estar na escola”, comenta.

Além da saudade, a mãe relata que começou a perceber os prejuízos que o afastamento da escola estava causando na rotina da filha. “Maria sempre foi uma menina muito independente, apesar da idade, mas começou a desenvolver medos, não queria mais ficar sozinha em algum cômodo da casa, não queria mais dormir sozinha, começou a descontar a ansiedade na alimentação”, relata. 

Sobre o aprendizado, Morgana comenta que foi difícil ensinar algo novo para a filha. “Não temos a habilidade de ensinar, somos pais e não educadores. Os professores fazem isso com tanta facilidade. Eles são extremamente essências na vida de nossos filhos”, ressalta. 

Agora, a expectativa é que não haja novos fechamentos, para que os prejuízos sejam revertidos com calma e paciência. “Maria ainda é pequena, mas não posso fechar os olhos e não pensar nas crianças em fase de alfabetização. Para esses, o atraso no aprendizado levará anos para ser revertido”, analisa. “Acredito que a maioria dos pais deve estar preocupada com o psicológico dessas crianças daqui há alguns anos, se ficará algum trauma. E isso apenas saberemos com o passar dos anos. Por isso a escola não pode fechar. Ela é fundamental para o desenvolvimento psicológico e cognitivo das crianças”, acredita.