Volta às aulas no estado depende da bandeira laranja 

O cenário de incertezas em relação ao retorno das aulas continua dividindo opiniões no estado. O governo do Rio Grande do Sul está debatendo a questão, juntamente às entidades ligadas à educação, e avalia algumas possibilidades. A principal delas diz respeito ao retorno em setembro, com 50% presencial e 50% on-line. “Em uma turma de 30 alunos, por exemplo, 15 teriam aula presencial e 15 por meio do Google Classroom”, explica o coordenador da 16ª Coordenadoria Regional de Educação (16ª CRE), Alexandre Misturini. 

Entretanto, o coordenador afirma que esse retorno apenas será viabilizado se todas as regiões do estado forem enquadradas nas bandeiras laranja ou amarela do modelo do Distanciamento Controlado. “Se houver uma estabilização da pandemia em todo o estado, aí sim conseguiríamos retornar nesse modelo de 50% em setembro. Essa é a principal discussão até o momento”, comenta o coordenador. 

No início do mês de julho, o governo abriu uma consulta pública para escutar a opinião das entidades sobre o retorno às aulas. Na opinião da equipe da 16ª CRE, o mais adequado seria um retorno após o término do inverno. “A maioria das entidades votou para a volta em setembro. Está todo mundo colocando o mais distante possível, porque até uma vacina não aparecer, isso não vai passar. É um ponto de interrogação”, avalia Misturini. “Tudo depende de uma questão sanitária. Porque se nós autorizarmos a volta agora, serão quase 900 mil alunos por dia nas ruas”, continua. 


 

Apesar da indefinição, conforme afirma o coordenador, as escolas do estado já estão se preparando para um retorno seguro, a partir da aquisição de EPIs e produtos de higiene e da adoção de protocolos específicos. Segundo o plano de contingência elaborado pelo estado, todas as escolas deverão controlar a temperatura dos estudantes e funcionários na entrada e saída, além de reservar uma sala específica para isolar casos suspeitos. “Já está em processo de licitação algumas ações como a compra de 27 mil termômetros e outros materiais como tapetes sanitizantes. As escolas também deverão elaborar um cronograma de limpeza, para que toda a instituição seja higienizada a cada troca de turno. Deverá ser mantido 1,5 metros de distância entre os alunos, além da aplicação de revezamento para merenda e utilização de máscaras. Será uma operação de guerra”, avalia Misturini. 

Outras questões envolvendo o protocolo de retorno das aulas dizem respeito ao cuidado com os colaboradores. Pessoas com comorbidades e maiores de 60 anos não poderão trabalhar, o que abrirá a necessidade de contratação de novos profissionais. 

Para o coordenador da 16ª CRE, ainda será necessário um trabalho constante com os pais, já que muitos se mostram temerosos em relação ao retorno. Segundo Misturini, a preocupação foi acentuada após a afirmação do matemático Eduardo Massad, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), de que a retomada das aulas provocaria 17 mil mortes no país. 

“Eu fiz uma nota para as escolas afirmando que as leis continuam as mesmas. Ou seja, os alunos que não participarem das atividades levarão falta e irão repetir o ano. Então os pais que não quiserem levar seus filhos para a escola, podem ficar em casa, desde que acessem a plataforma [Google Classroom] e façam as atividades”, alerta. “Ao contrário do que muitos pais comentam, o ano não está perdido. Os alunos estão aprendendo novas formas de aprender e, os professores, novas formas de ensinar”, avalia. 

Até o momento, a região atendida pela 16ª CRE, que compreende 25 municípios da Serra Gaúcha, já registrou 16 mil acessos na plataforma. O número representa 88% do total de alunos, das 74 escolas de abrangência da coordenadoria. 

Foto: Eduarda Bucco