Voluntárias da causa animal de Bento Gonçalves pedem mais apoio do Poder Público
Voluntárias independentes relatam dificuldades para conseguir realizar as castrações de forma gratuita, entretanto, a prefeitura afirma que o serviço é ofertado às famílias com cadastro ativo no CadÚnico, em situação de vulnerabilidade social
Voluntárias independentes que lutam pela causa animal, estão pedindo mais apoio da prefeitura de Bento Gonçalves. De acordo com o grupo, o poder público não está mais ajudando com as castrações gratuitas.
“Sei de protetores que estão com castrações por chamar desde outubro do ano passado e já pegaram cria e agora já daria pra castrar os filhotes também”, relata uma das protetoras voluntárias, Grey Giotto.
Diante deste cenário, ela afirma que já precisou realizar castrações particulares, pagando com o dinheiro próprio.
“Sou protetora independente, mas atualmente não tenho mais resgatado. Somente auxilio destinando fundos, ração e medicamentos para protetores e ONGS e pessoas de baixa renda”..
Embora não esteja mais resgatando os animais, Grey conta que ainda acompanha de perto e participa de reuniões que envolvem a causa animal.
“Tive que parar de resgatar por motivo de força maior, mas nunca saí da causa. Mantive o projeto pra auxiliar outros protetores. Às vezes me envolvo mais profundamente” em alguns, relata.
Além das castrações, outro problema apontado por ela é quanto ao que chama de “colônia de gatos”, que são locais com grande quantidade de felinos procriando, normalmente em terrenos baldios ou matos.
“Antes da pandemia, fizemos um trabalho de captura de diversos gatos no mato ao lado da UPA, mesmo assim, novamente estão procriando lá. Também sabemos de casos perto da rodoviária e no [bairro] São Francisco. Nos bairros de baixa renda também. A prefeitura simplesmente ignora essa situação”, garante.
Para Grey, o ideal seria que o poder público municipal realizasse um mutirão para resolver a situação da procriação dos gatos.
“Uma ação que não dependesse tanto dos protetores, porque ninguém aqui ganha dinheiro para ficar resgatando gatos e levando para castrar, agora, os funcionários da prefeitura sim, mas eles querem que a gente faça todo trabalho”, queixa-se.
Para conseguir dinheiro para reverter para a causa animal, Grey criou o projeto Gatitude, que surgiu da necessidade de auxiliar no pagamento das contas de veterinários, castrações e tratamentos necessários aos animais de Bento Gonçalves.
Para isso, o projeto oferece produtos personalizados para “gateiros, cachorreiros e pet lovers”. As opções são variadas, com itens exclusivos desenvolvidos pela Gatitude.
“O projeto é 100% para isso [causa animal] e no site tem a prestação de contas mensal com os recibos de tudo que é pago com o projeto”, reforça.
Outra voluntária independente,Aline Cris Ambrosi,relata que as castrações praticamente zeraram no ano passado.
“Tivemos muitas reuniões com o Secretário Gilberto [Souza Junior], apresentando números incríveis, foram feitas ações de castrações nos bairros, éramos sempre prioridade como protetoras para encaminhamento de castrações etc.”, conta.
Porém, de acordo com Aline, neste ano, a realidade está diferente.
“Neste ano, a administração simplesmente nos esqueceu, as castrações estão paradas, não temos mais prioridade de envio de castrações de animais que nós mesmas recolhemos e encaminhamos para adoção, não temos respostas enfim, mais uma vez iludidas, assim como foi em todas as administrações”, afirma.
Aline também afirma que no dia 09 de maio vai ocorrer uma reunião com integrantes da prefeitura para discutir o assunto.
“Já sabemos que seremos informadas sobre a ‘contenção de custos’, e ai fica o meu questionamento: ano passado as coisas andaram somente pelo escândalo do caso dos gatos do bairro Conceição? Por que após esse episódio a prefeitura conseguiu verba para tanto investimento na causa? Estamos cansadas de sermos escutadas somente quando acontece algo assim, estamos cansadas de promessas”, salienta.
O que diz a prefeitura
A coordenadora do Departamento do Bem estar Animal, Michele Segatto, esclarece que as castrações são destinadas às famílias com cadastro ativo no CadÚnico, em situação de vulnerabilidade social.
Questionada se o serviço de castrações está parado, Michele responde que não, que a prefeitura continua atendendo às urgências e as famílias que possuem cadastro único.
Michele também garante que o poder público não está com dificuldades para atender a causa animal.
“Estamos trabalhando, com o departamento do bem-estar animal atuando em diferentes propostas: castrações; SAMUPet; farmácia pet; atendimento ambulatorial; fiscalização de maus tratos com os fiscais de meio ambiente; casinha solidária; feiras de adoção, participação em eventos para arrecadação de ração, entre outros”, pontua.