Voluntários tentam salvar gatos de infecção

Quase 20 gatos instalados em um dos pisos de uma casa na rua Recife, no bairro Pomarosa, esperam pela ajuda de voluntários para limpar e adequar o local, além de doações para submeter os felinos a tratamento. Pelos sintomas apresentados, segundo a veterinária Camila Machado, a probabilidade é de que eles estejam infectados pelos vírus da leucemia (FeLV) e da imunodeficiência felina (FIV), que atingem o sistema imunológico, e calicivirose, que provoca lesões nos olhos e úlceras na boca.

Os animais, que foram abandonados no local ao longo vários meses, são alimentados pela dona da residência, que não têm condições de arcar com despesas veterinárias. Integrantes da comunidade virtual “Sou um grãozinho de areia nesta selva de pedras. Eu ajudei um peludo” tentam desde o ano passado resolver a situação, que se agravou nas últimas semanas, e correm contra o tempo para evitar mortes de gatos em estado considerado mais crítico.

A intenção do grupo é readequar o espaço, que foi cedido pela proprietária e transformá-lo em um gatil com três ambientes distintos, para evitar que os bichos doentes tenham contato com outros da rua. “Estamos desesperados. Se não encontrarmos uma solução, logo começaremos a ter óbitos”, alerta Márcia Helena Lorenzini Manuel, criadora da comunidade, e que há mais de 15 anos atua em defesa da causa animal em Bento Gonçalves.

Recentemente, as condições pioraram ainda mais no local. Parte da casa foi inundada com as chuvas e alguns cômodos foram tomados por barro e esgoto vindo de um bueiro entupido. Márcia explica que o primeiro passo seria limpar e desinfetar completamente o local. “Depois, vamos tratar cada um deles de acordo com a gravidade da infecção. Mas não podemos mais esperar, a situação está bem ruim”, completa a voluntária.

A dona da propriedade, Maria Cecília Sartori, que reside no andar superior, conta que os abandonos se tornaram frequentes e que ela, na medida do possível – e até com a ajuda de vizinhos – conseguiu encaminhar outros vários para adoção. Mas, com pouco tempo e dinheiro, ela prioriza os cuidados com a filha que tem síndrome de Down e não dá conta de manter todos os felinos em boas condições. “A última vez que largaram aqui eram 25 filhotes de gato, em duas caixas, e mais três cachorrinhos”, relata.


Contaminação

Muitos dos infectados já apresentam dificuldade para enxergar e comer, correndo risco de morte. Um deles está completamente cego e precisa ser mantido amarrado no interior da casa. De acordo com a veterinária Camila Machado, que acompanha o trabalho da comunidade no Pomarosa, apesar de ainda não ter sido feito um diagnóstico detalhado, os sintomas indicam que contaminação pelos vírus é bastante provável. No caso de FeLV e FIV, se confirmado o diagnóstico, os casos se tornam ainda mais preocupantes. “Esses dois vírus comprometem o sistema imunológico, deixando os animais suscetíveis a contraírem outras doenças. Eles são transmitidos por contato direto entre os gatos, no contato com saliva ou sangue. São doenças que não têm cura, mas têm tratamento e controle”, explica a profissional.

Na tarde da última quarta-feira, 5, voluntários fizeram uma nova limpeza no local. Portas e janelas também devem ser fechadas com telas, para evitar a saída dos infectados ou a entrada de mais gatos. Uma das próximas medidas será a aplicação de antipulgas e vermífugo em todos os doentes. Camila destaca que as condições precárias de higiene contribuem para agravar o quadro, mas que a origem do problema está, na maioria das vezes, na irresponsabilidade dos donos. “Agora é importante as pessoas ajudarem com recursos financeiros, mas principalmente castrando e não abandonando seus animais”, conclui a veterinária.

Para ajudar

Quem estiver interessado em ajudar com doações ou trabalho voluntário para melhorias no local em que os gatos estão instalados pode contatar a comunidade “Sou um grãozinho de areia nesta selva de pedras. Eu ajudei um peludo” no Facebook ou a voluntária Márcia Helena Lorenzini Manuel, pelo telefone (54) 8134 6350. As contribuições também podem ser deixadas na loja Cão e Gato Agropet, na rua 10 de Novembro, 650, Cidade Alta.

Reportagem: Jorge Bronzato Jr.


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