AAECO faz campanha para descarte correto de medicamentos em Bento

Até 2025, todas as farmácias deverão disponibilizar um coletor para descarte de medicamentos pela população. Já materiais perfurocortantes, como seringas, devem ser descartados em hospitais ou unidades de saúde

Apenas neste ano, a Associação Ativista Ecológica (AAECO) recebeu duas denúncias de descarte incorreto de materiais perfurocortantes, como seringas e agulhas. Em uma delas, foram encontradas três ‘bombonas’ de cinco litros, contendo seringas e algodões com sangue. Aliado a essas denúncias, a associação tem recebido diversas dúvidas quanto ao descarte, também, de medicamentos.

Diante disso, a AAECO decidiu lançar uma campanha para conscientizar a comunidade quanto ao descarte correto desses resíduos. Em relação aos materiais perfurocortantes e provenientes de curativos feitos em casa, por exemplo, a recomendação é que sejam levados para hospitais ou unidades de saúde. Essas instituições são responsáveis pelo descarte correto desses itens. “É muito comum ter vários desses materiais para descarte. Pessoas com diabetes, por exemplo, que precisam aplicar insulina diariamente. Pessoas acamadas, ou que sofreram acidente, que precisam fazer curativos em casa. Então esses materiais precisam ser levados para as UBSs ou para os hospitais. Eles possuem um coletor de resíduos infectantes, que são encaminhados para incineração”, explica o secretário-geral da AAECO, Gilnei Rigotto.

Já os medicamentos devem ser deixados em coletores disponíveis, de modo geral, em farmácias e drogarias. A disponibilização do coletor faz parte da lei da logística reversa, nº 12.305. Em 2020, o decreto 10.388 regulamentou o sistema de logística reversa de medicamentos domiciliares, prevendo que todas as farmácias possuam um coletor à disposição da população.

Por meio desta nova legislação, os estabelecimentos de municípios com 500 mil habitantes, ou mais, teriam dois anos para se adequar à exigência. Para os municípios de 100 mil habitantes, o prazo é de cinco anos, se encerrando em 2025, o que inclui Bento Gonçalves.

Mesmo assim, a AAECO tem constatado que várias redes de farmácias já têm se adiantando. “Apesar de ainda ter um tempo para que os estabelecimentos se adequem, temos que começar a educar a população e alertar os farmacêuticos agora”, ressalta Gilnei. “Como incentivo, temos visitado as farmácias que já possuem os coletores para parabenizá-las e para divulgarmos nas nossas redes sociais”, conta.

O levantamento feito pela AAECO é constante e já identificou, até o momento, pelo menos 15 farmácias com coletores. “É importante ressaltar que as pessoas devem levar apenas o frasco ou a cartela de medicamentos, não a embalagem e a bula. Essas devem ser descartadas normalmente no lixo reciclável comum”, informa Gilnei.

Em relação aos medicamentos de uso veterinário, a recomendação é que a população faça contato com petshops ou clínicas veterinárias para saber se o estabelecimento pode receber o material.

O descarte correto desses resíduos, conforme frisa a AAECO, é essencial para evitar a contaminação do solo, dos rios, córregos e, consequentemente, da água que bebemos.

Medicamentos não vencidos

Os medicamentos não vencidos, ainda passíveis de uso, podem ser repassados a outras pessoas. Em Bento Gonçalves, uma das iniciativas que contempla essas doações é a farmácia solidária, localizada no Centro Espírita Nossa Casa (rua João Italvino Poletto, 235, Planalto). O espaço atende às quintas à tarde, das 14h às 17h, e aos sábados, das 9h às 11h30.

Conforme a coordenação da farmácia, são doados cerca de 300 mil comprimidos ao ano, e mais de 10 mil frascos. “Separamos todo lixo reciclável. São 12 sacos de 100 litros mês de papel, e também separamos os blisters”, comenta a coordenadora, Marli Scotton.

Por lá, os remédios vencidos também são descartados corretamente. Além de atender a população local, a farmácia do Nossa Casa realiza troca de medicações com todas as farmácias solidárias do Estado, “evitando o vencimento e favorecendo quem precisa”, complementa Marli. A criação dessas farmácias no RS foi uma iniciativa da deputada estadual Fran Somensi.

Para os medicamentos de uso veterinário, o brechó Bicho Carente, localizado na rua Dante Larentis, 185, bairro Cidade Alta, recebe doações para encaminhamento a ONGs, protetoras de animais independentes e famílias de baixa renda no município.