Alzheimer: cuidado e afeto
O diagnóstico da doença não é uma sentença de fim da vida
O Alzheimer não é uma sentença, porém, é comum, quando se recebe o diagnóstico de algum familiar, sentimos uma sensação de aproximação da finitude: “acabou!”, “acabou minha mãe!”, “acabou meu pai!”, “minha mãe era tão ativa!”, “minha mãe era tão maravilhosa!”.
É necessário lembrar que o diagnóstico de demência se trata de uma doença degenerativa, logo estamos diante de um momento que será uma verdadeira jornada. Mas ao mesmo tempo, você pode fazer tanto a partir disso: você pode mudar todo o contexto da sua relação com seu familiar; se tem alguma situação pendente você pode ter a possibilidade, dentro de suas condições, de mudar e resolver isso.
Quero que fique claro que existem “relações e relações”. Não existe relação familiar perfeita!
Esse ser humano se torna vulnerável e estamos falando de um poder de transformar essa jornada difícil em memórias boas, tornando você mais companheiro de seu familiar.
Olhe menos para a doença e mais para essa pessoa, que é sua mãe, seu pai, seus avós, que nesse momento se encontram vulneráveis, precisando de alguém que conduza, direcione o cuidado com a vida deles, assim como um dia você precisou que alguém conduzisse a sua vida.
Os papéis se invertem? Não! Seus pais continuam sendo seus pais e você continua sendo filho. A partir desse momento, você constrói novas memórias. É preciso que isso seja com muito amor, com muito afeto, empatia, muito passeio, muita conversa, muita troca, música, arte, muita coisa você pode fazer por esse familiar, então aproveite, pois é um período longo e você tem a oportunidade construir uma nova memória com seu familiar, uma nova relação afetiva e, quem sabe, uma oportunidade de unir a família.
O que tem importância de verdade é a forma como você constrói as suas relações de amor e afeto.
Acredite: vai fazer toda diferença na sua própria jornada, porque você também vai envelhecer e está neste momento de processo de envelhecimento, independente da idade em que você se encontra.
Logo, precisamos normalizar o fato de que familiares e cuidadores precisam, de alguma forma, frequentar espaços para cuidar de sua saúde mental como, por exemplo, psicoterapia, grupos de apoio, palestras informativas, pois a informação sobre a doença será o que dará suporte psicológico para auxiliar o familiar/cuidador no gerenciamento de suas próprias emoções.