Ex-assessor de Câmara é indiciado após dizer que “morenos não gostam de trabalhar”

No dia 31 de outubro, o ex-assessor de um vereador teria ofendido um ex-colega com uma fala racista, além de, após perceber seu erro, tentou comprar a vítima com um “jantar no melhor restaurante da cidade”

Foto: Câmara de Vereadores de Tapes/Divulgação

A Polícia Civil de Tapes, no Litoral do Rio Grande do Sul, indiciou, nesta quarta-feira, 15/11, um ex-assessor da Câmara de Vereadores do município por injúria racial. No dia 31 de outubro, ele teria ofendido um ex-colega com uma fala racista.

O ex-colega, Emerson de Oliveira Peres, de 35 anos, foi quem procurou a delegacia de polícia do município para registrar a ocorrência. O documento traz que o crime foi cometido quando o ex-servidor público, Peres e dois colegas conversavam em uma sala da Câmara de Vereadores.

O ex-servidor teria dito que, na visão dele, “Tapes não se desenvolvia porque os morenos não gostavam de trabalhar” e que “não tinham foco no trabalho”. “Após ser confrontado, o suspeito disse que o colega era exceção, pois era trabalhador, diferentemente do resto das pessoas negras”, conta o delegado Luciano Rodrigues, responsável pela investigação.

“Percebendo o erro, o suspeito tentou corromper a vítima, oferecendo-lhe um jantar no melhor restaurante da cidade. Não satisfeito, jogou um envelope sobre a mesa da vítima, o qual continha a quantia de R$ 150”, conta.

O delegado Rodrigues conta que o dinheiro foi apreendido e testemunhas foram ouvidas ao longo da investigação, além do próprio ex-assessor. Durante interrogatório, ele se disse injustiçado, pois foi exonerado sem direito à defesa

O ex-assessor vai responder pelos crimes de injúria racial e prática de discriminação ou preconceito. Como eles foram cometidos contra servidor público, a pena deve aumentar em caso de condenação na Justiça.

Exoneração

Peres, que sofreu as ofensas racistas, decidiu protocolar uma denúncia na Câmara de Vereadores contra o ex-colega. De acordo com a presidente da casa, a vereadora Catia Iribarrem Longarai, Peres foi ouvido, bem como os dois colegas que presenciaram o episódio, e eles confirmaram o que aconteceu.

“E decidi pela exoneração. Entrei em contato com o vereador que ele assessora e informei o que havia acontecido. Chamei o então servidor e comuniquei que ele estava exonerado. Ele não falou nada e só saiu. De nossa parte, o caso se encerrou por aí”, conta Catia, explicando ainda que o vereador assessorado pelo ex-servidor foi comunicado da decisão.

Em nota, o Legislativo municipal disse que “a Câmara de Vereadores de Tapes, como uma casa democrática que visa o bem estar e a organização social, não admite e repugna qualquer tipo de conduta preconceituosa ou discriminatória”.

Fonte: g1 RS