Forças Armadas fizeram “papelão” no TSE e foram “arremessados na política”, diz Barroso
Em setembro do ano passado, o atual presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, decidiu excluir as Forças Armadas do grupo de fiscalização, pelo desempenho em 2022 ter se mostrado “incompatível” com o papel dos militares
O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), relembrou e criticou, nesta segunda-feira, 04/03, a atuação das Forças Armadas nos últimos anos, classificando como “papelão” o desempenho dos militares no trabalho em conjunto com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas últimas eleições. Barroso discursou em uma aula inaugural na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
“Foram manipulados e arremessados na política por más lideranças. Fizeram um papelão no TSE, convidados para ajudar na segurança, para dar transparência, foram induzidos por uma má liderança a ficarem levantando suspeitas falsas”, disse o ministro, sem citar nomes.
Na ocasião, as Forças Armadas fizeram parte da Comissão de Transparência das Eleições, com a função de ampliar a transparência e a segurança das eleições.
Após o pleito, no entanto, o Ministério da Defesa, responsável pela coordenação das Forças Armadas, divulgou um relatório dizendo que não excluía “a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas”, embora o próprio documento informasse que não foram detectadas fraudes.
Em setembro do ano passado, o atual presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, decidiu excluir as Forças Armadas do grupo de fiscalização, pelo desempenho em 2022 ter se mostrado “incompatível” com o papel dos militares.
Cenário dos militares está “voltando ao normal”, diz Barroso
Na aula, ao falar sobre a gestão anterior da Presidência — sem mencionar o nome de Jair Bolsonaro —, Barroso citou o que chamou de “politização das Forças Armadas” como uma das questões mais “dramáticas para a democracia”.
“Porque, desde 1988, as Forças Armadas tiveram um comportamento exemplar no Brasil, de não ingerência, de não interferência, de cumprir as suas missões constitucionais, de ocupar espaços remotos da vida brasileira”, afirmou, antes de criticar o desempenho da instituição nas eleições.
Ao final do evento, o ministro respondeu a perguntas dos jornalistas e, quando questionado sobre as menções às Forças Armadas feitas durante a aula, ele afirmou que o cenário está “voltando ao normal”.
“Ressaltei o papel exemplar que as Forças Armadas desempenharam nos 35 anos da democracia brasileira, cumprindo funções constitucionais e fora da política, e um dos pontos que eu acho que nós já estamos superando foi o que todos consideraram uma indevida politização das Forças Armadas.”
“E que dependem menos da instituição e mais da liderança. E acho que, neste momento, a vida já está voltando ao normal, como deve ser”, complementou.
Fonte: CNN Brasil