Hidroxicloroquina: Tacchini iniciará estudo para pacientes de COVID-19 tratados em casa
O Hospital Tacchini começou a fazer parte do estudo Coalizão COVID Brasil em abril, a fim de testar a eficácia do uso da hidroxicloroquina em pacientes internados com a COVID-19. Esse estudo está sendo coordenado pelo Hospital Albert Einstein, Sírio-Libanês, HCor, Hospital Moinhos de Vento e pela Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNET), contemplando diversas instituições de saúde do país. Até então, o Tacchini concluiu o Coalizão I (que avaliou se o medicamento é eficaz para melhorar o quadro respiratório de pacientes com menor gravidade) e o Coalizão II (que envolveu casos mais graves da doença). Os resultados finais deverão ser divulgados em breve, após a avaliação de todas as amostragens coletadas pelas instituições que participam da pesquisa.
Nos próximos dias, o Tacchini iniciará o estudo Coalizão 5, o qual busca concluir se a hidroxicloroquina é eficaz na prevenção de hospitalização e de complicações respiratórios de pacientes ambulatoriais: ou seja, aqueles que buscaram atendimento médico, mas têm condições de seguir o tratamento em casa. De acordo com a médica e diretora técnica do Tacchini, Roberta Pozza, a previsão é que sejam enquadrados 1.300 pacientes em todo o Brasil, incluindo moradores de Bento Gonçalves e Carlos Barbosa (por meio do hospital São Roque). “Os pacientes passarão por atendimento ambulatorial e serão avaliados, passando por todos os exames necessários, inclusive eletrocardiograma, para ter certeza que eles fecham com os critérios da pesquisa. Todos precisam ser adultos, maior ou igual a 18 anos”, explica.
Ainda segundo a médica, o estudo será finalizado assim que as cerca de 1.300 forem fechadas.
Resultados do Coalizão I e II
O resultado final dos estudos Coalizão I e II serão divulgados apenas após a análise de todas as amostras coletadas no país. Entretanto, Roberta adianta que, no hospital Tacchini, o uso da hidroxicloroquina parece não ter sido eficaz. “Conversando com os investigadores, a gente ficou com a impressão de que não existiu diferença no tratamento com a hidroxicloroquina ou sem. Mas essa resposta ainda está em aberto”, afirma.
Para o Coalizão I, o Tacchini incluiu 18 pacientes, ficando como 10º maior centro recrutador em todo o Brasil. Já no Coalizão II foram inclusos 7 pacientes – 13º maior número de todas as instituições participantes. “Nosso posicionamento é que seja considerada uma decisão consensual entre o médico e o paciente. Mas acreditamos que a forma mais segura de aplicar esse medicamento seja nesses estudos, porque há um controle maior. Nossa primeira missão é que os medicamentos utilizados não piorem a saúde do paciente”, declara.
O Tacchini também havia sido aprovado para a realização do estudo Coalizão III, que analisaria a efetividade do anti-inflamatório dexametasona para pessoas com insuficiência respiratória grave, que necessitam de suporte de ventilação mecânica. Entretanto, de acordo com a médica, não foram identificados pacientes que atendessem a todos os critérios.
Diferença entre a cloroquina e a hidroxicloroquina
De acordo com a médica, a pesquisa realizada pelo Tacchini teve como foco apenas a utilização da hidroxicloroquina, por ser considerada mais segura. "São formulações com a mesma substância ativa, a cloroquina, e com benefícios clínicos parecidos, mas diferentes efeitos adversos. A hidroxicloroquina é considerada mais segura", explica.
Estudos com plasma de curados
Na terça-feira, 19/05, o SERRANOSSA divulgou que o Hemocentro de Caxias do Sul iria iniciar a coleta de plasma de pacientes recuperados da COVID-19, a fim de aplicar em pacientes acometidos pela doença. Até o momento, o único hospital que receberá as amostras será o Virvi Ramos, de Caxias do Sul, por ser o único da região que está realizando uma pesquisa nesse sentido.
Nesta quinta-feira, 21/05, entretanto, o hospital Tacchini também manifestou interesse em participar da pesquisa coordenada pelo Virvi Ramos, após o recebimento de uma proposta. A aplicação do plasma de pacientes curados deverá inicar em cerca de três semanas. “Desde o nosso primeiro caso de Coronavírus falávamos que esse seria um universo interessante, porque os pacientes que passaram pelo processo de infecção geram anticorpos que ficam no sangue e eles podem ser passados para outras pessoas por meio do plasma”, explica Roberta.
Foto: Alexandre Brusamarello