“Os profissionais estão trabalhando como em uma orquestra”, revela diretora do Tacchini

Entre a quarta-feira, 10/03, e a quinta-feira, 11/03, o Hospital Tacchini se viu diante de mais um aumento inesperado de pacientes graves. Mesmo em colapso desde o sábado, 06/03, a instituição continuou recebendo novos pacientes, chegando a 71 pessoas em necessidade de leitos de UTI no município – ou seja, 26 pessoas a espera de um leito regular de UTI. Atualmente, são 45 leitos disponíveis no Tacchini. Do total de pacientes graves, 52 (73,2%) são pessoas confirmadas com a COVID-19. “Mesmo com o aumento de 125% na nossa capacidade em 2020, atingimos a situação de colapso. Hoje [quinta-feira] amanhacemos com 71 pacientes internados e outros nove em unidade de internação, com quadro que possivelmente evoluirá”, lamentou o superintendente do Tacchini Sistema de Saúde, Hilton Mancio, durante coletiva de imprensa realizada no fim da tarde de quinta-feira, 11/03.


Foto: Reprodução/Facebook
 

Questionado sobre como a instituição estaria conseguindo alocar todos os pacientes graves, Mancio afirmou que o hospital “é um ser vivo, se transformando todos os dias”. “Precisamos cancelar cirurgias eletivas e os pacientes graves passaram a ser alocados na sala de recuperação. Também estamos levando pacientes não COVID para o Hospital São Roque, em Carlos Barbosa. E estamos com nossas salas de observação completamente reestruturadas”, revela. Além disso, o Tacchini tem atendido pacientes graves no Pronto Socorro, até que haja liberação de vagas na UTI. 

De forma geral, o superintendente explica que o Tacchini está, atualmente, dividido em apenas cinco áreas: centro obstétrico, oncologia, hemodiálise, UTI e cirurgias de urgência. “Além da COVID, estamos lidando com acidentes de trânsito e com outras patologias, por exemplo. Então esse movimento todo do ‘fique em casa’, é também ‘não sofra acidente de trânsito’, ‘não gere riscos desnecessários’”, ressaltou. 

Diante da grave situação, tendo ultrapassado o limite operacional do Tacchini, a diretora de divisão hospitalar, Roberta Pozza, alertou que a preocupação agora é com o esgotamento de recursos.  “Vamos fazer o máximo possível para salvar o máximo que pudermos. Agora toda medida é de salvamento”, afirmou. A médica ainda ressaltou que a situação atual deverá levar pelo menos 20 dias para amenizar, “isso se não houver um número grande de novos pacientes, porque o cenário muda a cada 30/15 minutos”, disse.

Nova cepa preocupa

Na opinião do Tacchini, o aumento de internações, provavelmente, está relacionado com a terceira variante descrita no mundo – a variante de Manaus. “Essa variante tem características de maior transmissibilidade e de comportamento clínico mais grave”, explica. Com isso, o Tacchini enviou 11 amostras suspeitas da cepa chamada P1 para avaliação em laboratório. “Mas se trata de um estudo de genética, então demanda tempo. Nos passaram que irá levar cerca de 15 dias úteis para nos enviarem os resultados”, revela. 

Outra mudança que pode estar associada à nova cepa é a redução na média de idade dos pacientes internados, já informada pelo SERRANOSSA. No ano passado, a média ficava acima dos 60 anos. Em fevereiro baixou para 59,9 e, nesta semana, ficou em cerca de 57 anos. 

“Não há tranquilidade operacional”


Foto: Divulgação/Tacchini
 

Conforme a diretora Roberta Pozza, o Tacchini parou para conseguir suprir toda demanda. “Não há tranquilidade operacional. Estamos com heróis lá dentro, pessoas fazendo o seu máximo. Trabalhando como em uma orquestra. A gente não para”, relatou durante coletiva de imprensa. 
Mesmo diante da demanda acima do limite e da clara tensão e exaustão dos profissionais da saúde, Roberta afirma que, até o momento, nenhum paciente morreu por esgotamento de recursos.

Agora, a esperança recai em cima de uma aceleração na campanha de vacinação contra a COVID-19. “Vacina lenta, com grande transmissão, pode ser uma fábrica de mutações”, alerta Mancio. 
Mesmo assim, a equipe se mantém otimista. “Acho que a gente vai conseguir, a gente vai salvar as pessoas e vai conseguir levar essa curva para decréscimo. Então pedidos: respeitem o isolamento, façam o mínimo de aglomeração, usem máscara, lavem as mãos que vai dar”, reforçou Mancio.  

Assista a coletiva de imprensa clicando aqui.