Depois de mais de duas horas respondendo a perguntas dos principais líderes de Bento Gonçalves, o prefeito Guilherme Pasin surpreendeu. Diante de tantos questionamentos, necessidades e demandas, o líder do Executivo municipal propôs a criação de um Fórum Político Empresarial a fim de buscar soluções para os principais problemas da cidade ao lado de quem os vive diariamente. “Precisamos continuar a discutirmos o rumo e o futuro do município e preciso da ajuda de vocês”, convocou o prefeito. O desafio foi lançado durante o primeiro evento do ano do Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG), que ocorreu na última segunda-feira, dia 17, e contou com a presença de mais de 170 empresários. Leonardo Giordani, presidente da entidade, prontamente elogiou e concordou com a criação do fórum.
Além de responder a uma pergunta de cada setor – moveleiro, metalmecânico, vinícola, da construção civil, do transporte, do comércio e do turismo – Pasin prestou contas de sua gestão até o momento. Afirmou que já foram pagos mais de R$ 27 milhões de dívidas, dos R$ 51 milhões herdados da gestão passada e lamentou que esse valor não tenha sido usado para investimentos no município. Ele ainda prometeu pagar todas as pendências financeiras até agosto. “Foi um ano dedicado à gestão. Um ano em que dizer ‘não’ provavelmente tenha sido uma das minhas maiores atividades diárias como prefeito. Precisei romper culturas, desacomodar interesses, redesenhar rotinas. Mas eu sempre soube que, cada ‘não’ dado para um interesse específico era um ‘sim’ que eu estava dando para o bem comum de Bento Gonçalves”, ponderou. Confira um resumo do que Pasin respondeu no “pinga-fogo”, como nomeou o presidente do CIC, em relação à sabatina ao prefeito.
Pergunta de Leonardo Giordani, presidente do CIC
Tema: Parques tecnológicos
Resposta do prefeito Guilherme Pasin: “Esse foi um compromisso que assumi. Perdemos muito território e precisamos buscar espaço para isso, principalmente na área tecnológica. Precisamos mudar o modal de desenvolvimento e fazer com que esse venha nutrir a indústria de Bento Gonçalves. Estamos em parceria com a UCS em tratativas de implantação de um parque tecnológico em Bento Gonçalves, junto à universidade, a fim de que esta tecnologia seja benéfica para diferentes produtos produzidos aqui e que venha para auxiliar o setor moveleiro, metalmecânico, entre outros”.
Pergunta de Cleimar Sfredo,presidente doSindiBento
Tema: Rodoanel
Resposta do prefeito Guilherme Pasin: “Eu desconheço o projeto de rodoanel, que trate desse caminho em São Valentim, São Roque e no Barracão [projeto proposto por Roberto Lunelli na gestão passada]. O que temos, e está sendo muito bem trabalhado, é o corredor moveleiro, projeto que visa ligar o extremo sul do nosso município ao distrito industrial, no bairro Salgado. Através do PAC 2 [Programa de Aceleração do Crescimento], captamos R$ 51 milhões para a fase intermediária do corredor. Falta a primeira e a última ponta, que é o trevo de acesso ao Vale do Vinhedos, subindo o bairro Verona, e também a outra ponta, que é do Barracão ao Fenavinho. Esse projeto é vital para Bento Gonçalves. Informo que estamos buscando recursos para executá-lo o mais breve possível.”
Pergunta de Maria Alice Farina, presidente do Bento Convention Bureau
Tema: Desenvolvimento do turismo
Resposta do prefeito Guilherme Pasin: “Nós temos o enoturismo, que é uma joia rara para nossa cidade. Isso faz com que os olhos dos turistas se voltem para o interior. No ano passado, inauguramos nosso quinto roteiro turístico, o Caminhos da Eulália, que tem o grande diferencial de ter um roteiro de aventuras. Vamos ampliar a possibilidade de termos mais atrativos no nosso interior, quando forem aplicados os R$ 65 milhões em pavimentação. Também precisamos trabalhar para manter o homem no campo, e para isso precisamos de luz, água, pavimentação e conectividade. O jovem tem que ficar no interior. Em São Pedro, serão instaladas duas torres de telefonia móvel. É um começo, mas precisamos de muito mais. Também, através da secretaria de Educação, estamos levando nossos alunos para conhecer nossos roteiros, afinal eles são nossos futuros divulgadores, e também 80% da merenda escolar é adquirida dos produtores de Bento Gonçalves. Também temos dado apoio à agroindústria, temos a Festa do Vinho Colonial, entre outros fatores, que fortalecem o interior e o turismo.”
Pergunta de Diego Panazzolo, presidente da Ascon Vinhedos
Tema: Plano diretor
Resposta do prefeito Guilherme Pasin: “Precisamos, por lei, atualizar o plano diretor até 2016 e estamos trabalhando nisso desde o início da gestão. Vamos analisar as sugestões da Ascon, ao lado da comunidade. Nós precisamos buscar espírito da lei de 2006, considerada um avanço no município, e entender o que aconteceu de lá para cá, para ela ter se tornado o vilão do nosso município. Algumas alterações aconteceram e precisamos entendê-las. Nos preocupamos com algumas delas, inclusive com os mapas da cidade, que estavam em desacordo com a legislação. Precisamos analisar rua a rua, trecho a trecho, caso a caso. Estamos em fase de contratação de empresa especializada, idônea, que venha nos ajudar a resolver esse problema que é plano diretor. Essa empresa dará soluções técnicas que não venham defender interesses de setores. Dentro desse levantamento, as propostas serão avaliadas ao lado de todos e trataremos com a maior responsabilidade possível. Não estamos nos omitindo, estamos cautelosos”
Pergunta de Juarez Valduga, presidente da Aprovale
Tema: Fragilidades do turismo e Fenavinho
Resposta do prefeito Guilherme Pasin: “O interior precisa de infraestrutura da mesma forma que a cidade precisa. Estamos trabalhando com essa premissa. Quanto à paisagem vinícola, para proteger nosso enoturismo, os conselhos distritais trabalham muito bem na preservação das nossas belezas naturais, embora algumas leis travem o desenvolvimento. Já em relação à Fenavinho, já fizemos diversas reuniões buscando soluções para o evento. Mas agora ela é uma entidade, e o poder público foi excluído quando a transformaram uma OSCIP [Organização da Sociedade Civil de Interesse Público]. A Fenavinho é uma bandeira na cidade e vamos buscar alternativas. Ela possui uma dívida que o município não pode pagar. No entanto, entendemos que eventos podem ser realizados com o objetivo de angariar recursos para pagar estas pendências. Se depender de mim, a Fenavinho volta, e com força. Se isso acontecer, eu faço questão que a prefeitura esteja na organização da festa. Eu quero e preciso de ajuda de cada um para resgatarmos essa bandeira.”
Pergunta de Juarez Piva, presidente do Simmme
Tema: Incentivos para indústrias
Resposta do prefeito Guilherme Pasin: “Existe lei editada no município para manutenção e atração de novas empresas. Já mapeamos áreas, no entanto, precisamos aqui em Bento Gonçalves criar uma marco legal para a parceria do Poder Público e privado. O município não consegue executar alguns projetos que são simples para a iniciativa privada, como loteamento e urbanização. Com maior número de áreas, atrairemos mais empresas e principalmente, manteremos as que estão aqui. Mas tem uma coisa que precisamos falar e aceitar nossa parcela de culpa: nós deixamos Pinto Bandeira se emancipar. Todos nós! Pouquíssimos ergueram a mão para gritar contra esse absurdo. Perdemos mais de um terço da nossa área de expansão, perdemos a soberania, a quantidade na produção de vinhos e uvas. Fomos feridos quase de morte. Isso não vamos poder apagar da nossa história. No entanto, estamos buscando retomar aquele território de volta. Bento Gonçalves precisa voltar a crescer e, enquanto houver esperança, vamos tentar buscar o que é nosso”.
Pergunta de Marcos Carbone, presidente da CDL
Tema: Lei das Placas
Resposta do prefeito Guilherme Pasin: “Foi realizada uma audiência pública e retiramos de tramitação para que, através do resultado desta ação, viessem informações para engrandecer esse projeto. Não é um retrocesso. Não surgiram tantas sugestões e sim diversas críticas. Em suma, faremos algumas mudanças, vamos fazer uma nova audiência e ver como agir para melhorar visualmente na nossa cidade.”
Pergunta de Henrique Tecchio, presidente do Sindmóveis
Tema: Agilidade em alvarás dos Bombeiros e licenças ambientais
Resposta do prefeito Guilherme Pasin: “A solução é a desburocratização. Eu sei o que vocês fazem todos os dias e tenho vergonha de estar na frente dos senhores, que correm de secretaria em secretaria. Isso é uma vergonha. Só vamos acabar com essas viagens de um ponto ao outro quando acabarmos com a subjetividade, ou através de reuniões ou unir todas essas secretarias que envolvem licenciamento e fiscalização em um mesmo espaço. Através de troca de ideias, junto com o jurídico, possamos melhorar esse atendimento. Quanto aos Bombeiros, já pedimos para o governo do Estado agilizar a entrega de alvarás. Dois servidores públicos do município foram cedidos aos Bombeiros para destravar uma série de processos, por causa da má gestão estadual. Aliás, nós sedemos e pagamos mais de 30 servidores ao Estado em diferentes instituições para que serviços não parem.”
Reportagem: Raquel Konrad
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