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A importância do trabalho do psicólogo no atendimento a pessoas idosas

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A importância do trabalho do psicólogo no atendimento a pessoas idosas
Foto: Freepik

O envelhecimento pode provocar alterações emocionais, psíquicas, físicas e sociais na vida da pessoa idosa. Em geral, isto pode ocorrer quando a pessoa idosa se depara com mudanças, em diferentes aspectos da sua vida, com as quais tem dificuldade de lidar. Essas mudanças, que podem estar relacionadas a características genéticas ou a história de vida da pessoa idosa, podem afetar diretamente seu bem-estar e sua qualidade de vida. Nestes casos, o acompanhamento psicológico para idosos torna-se fundamental.

Quais os principais fatores que afetam a saúde mental do idoso? Separei, abaixo, alguns fatores que justificam a importância do atendimento psicológico para idosos:

1. Mudanças físicas

Após os 40 anos, é natural que algumas mudanças ocorram no organismo. Com o passar do tempo, declínios funcionais – como a queda da força muscular, da flexibilidade, da agilidade, do equilíbrio e, até mesmo, da capacidade cardiorrespiratória – podem levar o indivíduo a perder sua autonomia e, consequentemente, sua qualidade de vida.

2. Medo do envelhecimento

Envelhecer é viver. Logo, o processo de envelhecimento deveria ser comemorado. No entanto, a realidade pode estar longe disso. Em geral, temos medo de envelhecer. Provavelmente, porque a maioria de nós associa o envelhecimento a perdas, seja perda de capacidade funcional; perda do auge produtivo; ou perda de entes queridos.

Na cultura ocidental contemporânea, a preocupação com o envelhecimento é tão acentuada que é comum as pessoas buscarem soluções para manter a juventude. Tratamentos estéticos e medicamentos “milagrosos” que prometem a aparência e a condição física de alguém mais novo atraem a atenção de muitas pessoas. Esse tipo de preocupação, além de ser contrário à ordem natural da vida, pode causar problemas psicológicos, levando o indivíduo a ter sinais de tristeza, de ansiedade e até de depressão.

3. Processos de luto

O processo de luto não deve ser desprezado em nenhuma idade. É preciso apoiar e respeitar o tempo que cada pessoa leva para processar a perda de alguém. Quando a perda de um ente querido ocorre na terceira idade, ela pode provocar reflexões acerca da própria finitude. Adicionalmente, pode ampliar os efeitos emocionais negativos de outros tipos de perda já mencionados neste texto, como a perda de capacidade funcional.

4. Perda de papéis sociais

Os papéis sociais que são desempenhados durante a vida sofrem alterações com o envelhecimento. A aposentadoria, por exemplo, pode levar o indivíduo a se sentir improdutivo. Quando passa a residir em Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), além da perda do papel social de provedor(a), é comum sentir que não é mais o(a) responsável por cuidar de suas famílias ou, até mesmo, se sentir como um “peso” na vida dos familiares.

Andreza Lazzarotto | Psicóloga Clínica CRP 07/37129 | Especializanda em Psicogerontologia | Contato: (54) 99980-2845 Foto: William Camargo

5. Dependência e mudança de casa

A ideia de perder autonomia e de depender do apoio de outras pessoas para realizar atividades de vida diária costuma ser uma preocupação comum a muitos idosos. Esta preocupação se acentua quando se trata de mudar de casa, seja para a casa de um familiar ou para um residencial coletivo, como as ILPIs. 

Em ambos os casos, poderá haver certa estranheza por deixar de ser o “dono da casa”. Consequentemente, mudar de casa na terceira idade pode afetar a saúde mental do idoso. No caso dos idosos que se mudam para uma ILPI, a separação da família pode ser somada a esta estranheza. E, num primeiro momento, pode intensificar a sensação de falta de pertencimento provocada pela mudança de endereço.

“Nascer é uma possibilidade, viver é um risco, envelhecer é um privilégio!”

Mário Quintana

Em resumo, a sensação de depender de alguém e de não ser mais o dono da própria casa podem levar o idoso a uma maior vulnerabilidade emocional, diminuindo seu bem-estar e tornando o início de sua estadia na nova residência um momento delicado e difícil.

Logo, precisamos normalizar o fato de que pessoas idosas precisam, de alguma forma, frequentar espaços para cuidar de sua saúde mental, como, por exemplo, psicoterapia, grupos de apoio e palestras informativas, pois a informação sobre esse momento será o que dará suporte psicológico para auxiliar a própria pessoa idosa e seus cuidadores no gerenciamento de suas próprias emoções e numa melhor qualidade de vida.