Apoio à Bento: “isso vem dessa garra de termos iniciado fazendo do nosso jeito”, diz prefeito

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Em entrevista ao SERRANOSSA, Diogo Siqueira lamenta as mortes pelo interior da cidade e cita união com governos e iniciativa privada

"Isso vem dessa garra de termos iniciado fazendo do nosso jeito”, diz prefeito
Foto: Lauro Alves

Um mês após o início das fortes chuvas que atingiram a Serra Gaúcha, ocasionando a cheia do Rio das Antas e arroios, alagamentos e graves deslizamentos de terra, a rotina ainda tenta voltar à normalidade. Com um foco na reconstrução de estradas destruídas, retomada do turismo na região e as buscas por pessoas desaparecidas, Bento Gonçalves e sua administração tentam seguir em linha reta – e isso passa pelo prefeito da cidade, Diogo Siqueira (PSDB).

Elogiado nas redes sociais por insistir no resgate de pessoas ilhadas por diversas localidades do município, sem aguardar por apoio estadual ou federal, Siqueira deixou claro que faria as ações “do jeito de Bento Gonçalves”. Hoje, um mês após o início das atividades, o prefeito elogia a solidariedade do povo.

“Estamos vivenciando uma das maiores catástrofes climáticas na cidade e no Estado. Trabalhamos desde o início para resgatar a todos, possibilitar o acesso às comunidades com abertura de vias ou detalhamento geológico de cada área. E isso só foi possível porque tivemos uma rede de solidariedade que se uniu para auxiliar. Poder público, forças de segurança, setor privado, voluntários, pessoas de todo o Brasil. Todos estiveram demonstrando o jeito de Bento Gonçalves de agir”, afirma ao SERRANOSSA.

Questionado se a posição “independente” da administração não poderia afetar a chegada de recursos, visto a impressão de “cidade autossuficiente”, Siqueira acredita que ocorre o contrário. “Bento vem recebendo apoio de diversas partes do país e isso vem dessa garra de termos iniciado fazendo do nosso jeito. Preciso agradecer a todos que estão auxiliando e fazendo com que nossa cidade consiga se reerguer”, diz.

Mortes

Oficialmente, Bento Gonçalves registra 10 óbitos, sendo a maioria por soterramento em localidades como Vale Aurora, Linha Alcântara, Faria Lemos e Serra das Antas. O luto toma conta da cidade, que viu idosos, jovens, trabalhadores e trabalhadoras perderem a vida de forma abrupta e trágica. Para Siqueira, a dor é de Bento Gonçalves toda.

“É muito triste, pois acompanhamos o sofrimento dessas famílias, essa busca por informações e a espera para encontrar e poder se despedir do seu familiar. Ainda temos quatro famílias aguardando por essa notícia, e profissionais incansáveis que buscam diariamente poder dar esse conforto. É uma dor de Bento Gonçalves e lamentamos muito.”

Reconstrução

Após o momento mais duro da crise, com chuva ininterrupta e destruição para todos os lados, inicia a reconstrução de acessos, estradas, pontes, casas. Na segunda-feira, 27/05, o ministro da Secretaria Extraordinária da Presidência da República de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, esteve na cidade e se reuniu com prefeitos da região. Leia mais aqui.

Siqueira, que não apoia o governo Lula (PT) – e até recebeu uma ligação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante as operações em Faria Lemos -, acredita na união de esforços. “Um encontro muito importante para buscar recursos e ferramentas para reconstruir Bento e toda a região da Serra [Gaúcha]. Em uma calamidade como essa, precisamos que o governo federal esteja unido para podermos passar por isso o mais rápido possível.”

Ligação com Bolsonaro

A cidade também recebeu o governador Eduardo Leite (PSDB), no sábado, 25/05 (leia aqui). Do mesmo partido que Leite, Siqueira reforça a importante presença do secretário-chefe da Casa Civil, Arthur Lemos, em Bento desde o início das operações no interior. “Foi uma catástrofe que atingiu quase o Estado inteiro. O secretário-chefe da Casa Civil Artur Lemos esteve em Bento já no primeiro dia do ocorrido, sentiu nossa dor e prestou todo o auxílio. Assim como o governador, que percorreu as áreas atingidas e irá prestar auxílio para reconstrução”, pontua.

A BR-470, a rodovia mais destruída no Rio Grande do Sul, segue com obras de recuperação pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). O ministro dos Transportes, Renan Filho, esteve visitando a destruição acompanhado de Siqueira. O prefeito de Bento destaca a participação da iniciativa privada na reconstrução de acesso ao interior.

“Em um trabalho conjunto da prefeitura e a iniciativa privada, através do Unidos por Bento, desde a primeira semana estamos realizando a abertura de vias e acessos. Foram mais de 80 estradas municipais bloqueadas. O governo federal, através do DNIT, segue com os trabalhos de reconstrução da BR-470 e o [governo do] Estado também trabalhando nas estradas com o Daer”, finaliza.