Egresso da UCS Bento relata sua experiência profissional no Google

Formado na UCS Bento, Tomás Nora falou a acadêmicos sobre seu trabalho na empresa

Quem ainda não percebeu, já é possível singrar por mares nunca antes navegados pelo Google Maps. Na América Latina, o responsável pelo projeto que captou imagens de Fernando de Noronha e do Atol das Rocas, dando início ao projeto ainda em 2014, foi um engenheiro eletricista formado pela UCS Bento.

Tomás Czamanski Nora, atualmente gerente de programa do Google, falou um pouco sobre esse e outros trabalhos de sua jornada profissional onde tudo teve início, o campus de Bento Gonçalves da UCS, na última quinta-feira, 24/11. “A UCS teve um papel fundamental na minha formação. Eu não consigo me enxergar fazendo o que eu faço hoje se eu não tivesse a UCS na minha história”, disse.

E, literalmente, ela esteve junto até mesmo antes da oferta do curso. “Fui um desbravador junto com a UCS por ter acreditado na ideia de criar essa graduação”, comentou. Nora estudou e se formou na UCS Bento, onde o curso foi oferecido pela primeira vez na instituição. Ele se classificou em primeiro lugar no primeiro vestibular para Engenharia Elétrica, sendo também o primeiro aluno a se formar – ele concluiu o curso antes de seus colegas por realizar parte da formação na Pittsburg State University, em Kansas (EUA), por meio de um intercâmbio disponibilizado pela universidade. Seu primeiro emprego também está ligado à UCS. A startup em que começou a trabalhar, a partir de uma bolsa de iniciação profissional, pertencia a um de seus professores. “Eu aprendia na universidade e tinha dois engenheiros brilhantes para me ensinar e me corrigir no emprego”, lembrou.

Nora desenvolveu sua carreira passando por diversas empresas, entre elas a Intral. Ali, desenvolveu o primeiro drive pra LED no país. “Era uma época que se achava que o LED jamais iluminaria casas, e o gerente de engenharia da empresa era meu professor na UCS também e comprou a ideia”. A guinada internacional em sua carreira teve início quando decidiu que era o momento de fazer uma pós na Universidade de Berkeley, na Califórnia (EUA). Ele começou a trabalhar no laboratório, desenvolvendo projetos em hardware, até chegar ao setor de engenharia de pesquisa e desenvolvimento.

Daí para o Google foi meio caminho. Um recrutador da empresa se deparou com o currículo de Nora num portal, convidando-o para uma entrevista. “Comecei lá em 2012, retornei ao país depois para atuar no Google Brasil, em São Paulo, onde fiquei por cinco anos, e depois voltei para Mountain View”, disse, referindo-se à cidade do Vale do Silício onde está sediado o maior buscador da internet do mundo.

Nos 10 anos de Google, Nora esteve envolvido principalmente com o Google Street View, atuando em diferentes setores do projeto – hoje, ele ocupa áreas mais estratégicas na empresa. Um dos trabalhos mais interessantes conduzido por ele foi o mapeamento subaquático dos oceanos na América Latina. “Foi um dos mais legais em que participei, dá para ‘mergulhar’ com os golfinhos”. Mas por que realizar um trabalho assim? “Uma das missões do Google é organizar a informação e torná-la acessível a todos as pessoas do mundo. E parte dessas informações estão em áreas remotas, que não são acessíveis a todos. É parte da missão central do Google disponibilizar essas imagens”.

Atuando na região onde ocorrem algumas das principais inovações do mundo, Nora aponta a energia solar e os carros elétricos como as tecnologias que estarão mais presentes nos próximos anos. Já a badalação em torno do metaverso ele vê com ressalvas. “Eu acredito que o Street View foi o precursor do metaverso, porque é uma maneira de estar num lugar sem estar lá. Eu não sei se usar óculos de realidade virtual vai pegar, e a pandemia mostrou que nós queremos contato físico, estar com as pessoas. Então, nesse sentido, acho que não é o canal”.

Estabelecer conexões reais também são fundamentais para avançar na carreira. Para quem tem o sonho de chegar longe, Nora tem conselhos bem simples. “É preciso sonhar grande, eu tinha a vontade de ser grande. Graças às coisas que foram acontecendo na universidade, e por isso eu acho importante a universidade estar por trás, elas foram provando que dá para chegar lá. Então, é preciso sonhar alto, ter interesse e vontade de crescer”.