Fervi 50 anos: é preciso contar esta história
Poucas são as memórias para escrever a história da Fundação Educacional da Região dos Vinhedos (Fervi) e, a maioria delas, faz referência ao professor Loreno José Dal Sasso – mentor da regionalização do Ensino Superior. Neste ano a Fervi completa 50 anos e se observa grandes movimentos para fazer este resgate.
No final da década de 1950, mais precisamente em 1957, o Ensino Comercial do Colégio Aparecida – mantido pela Congregação de Irmãos Maristas, através dos professores Pedro Paulo Zanatta, Ulisses De Gasperi, Noely Clemente De Rossi e Emyr farina (recentemente falecido) desenvolveu um ensino prático funcional que avançou fronteiras, não só no Rio Grande do Sul como também na América Latina, divulgando a metodologia do ensino.
Com esta experiência, a ideia foi fomentada pelo professor Zanatta, que tinha formação em Economia, e iniciou o desenvolvimento do projeto de ter uma Faculdade de Economia em Bento Gonçalves. A proximidade com o Irmão Marista José Oton Stefani (nascido na Garibaldina como era o professor Zanatta), que à época já estava na direção do Colégio do Rosário (PUC-RS), deu início às tratativas para trazer para Bento Gonçalves o Curso de Economia, uma vez que a Congregação Marista atuava em Veranópolis, Garibaldi, Farroupilha e Bento.
Neste contexto, o Padre Ernesto Mânica, que também lecionava no Aparecida, levou a arquitetura ao Bispo Diocesano de Caxias e Dom Benedito Zorzi imediatamente assumiu a condição de protagonista em levar tal faculdade para Caxias do Sul, alegando maior necessidade, maior público e maior sustentação.
Resignados, os bento-gonçalvenses – sem muito discutir – aderiram o remanejamento para Caxias, promovendo o primeiro vestibular. Em 3 de fevereiro de 1959 foi proferida a primeira aula inaugural pelo Reitor Magnífico da PUC do RS, Irmão Otão. Nos recortes de jornais da época, consta como primeiro Diretor o professor Pedro Paulo Zanatta, ficando em primeiro lugar no vestibular o bento-gonçalvense Odir D. Variani e primeira e única mulher a professora Mafalta Maria Michelon. Outros bento-gonçalvenses fizeram parte desta primeira turma, como Bartholomeu Carlos Accorsi, João Brun, Nilo Cini, Olivio de Rossi, Remi Angelo Enricone, Rinaldo Sistilio Dal Pizzol e Walter Meneguzzi.
Em 1967 foi fundada a Universidade de Caxias do Sul e um ano antes já tínhamos o Curso de Economia como Campus da Faculdade de Economia, em Vacaria e Lajeado além de Bento.
No início da década de 70, por determinação do Governo Federal, nenhuma universidade poderia ter atividade fora de sua sede, obrigando a estas unidades fora de Caxias que promovessem a instituição de suas fundações para manter os cursos e suas ampliações.
Foi então que o professor Loreno José Dal Sasso assumiu o protagonismo de liderar a formação da fundação, envolvendo o Poder Público, entidades e pessoas físicas no aporte dos recursos necessários para a construção de um ambiente de desenvolvimento, uma vez que a Faculdade de Economia e mais dois cursos funcionavam na Escola de Enologia, cedida temporariamente.
Aqui residiu o maior desafio no qual a comunidade se reuniu através de seus líderes para ocupar um lugar que era dever do Estado em propiciar aos estudantes o acesso aos cursos Superiores, sem se deslocar à capital ou mesmo a metrópoles regionais.
Reforço este propósito uma vez que surgiu da bravura destes lideres – professores e comunidade – a iniciativa de propiciar o desenvolvimento educacional regional em substituição ao Estado.
Oficialmente fundada em 30 de agosto 1972, a Fervi supriu a necessidade dos cursos pretendidos, bem como aproximou em nível regional de Bento Gonçalves toda a estrutura da Universidade de Caxias do Sul.
Ressalta-se que ainda hoje o Governo Federal não encontrou um modelo para valorizar as universidades comunitárias que em tempos idos substituíram o papel do Estado, criando universidades gratuitas sem a devida guarida às comunitárias, que não visam lucros.
Esta história está sendo preparada para que seja contada por muitos anos, valorizando todos os seus partícipes – que não foram poucos, todos na sua maneira, considerados hoje benfeitores.