Polícia Civil prende suspeito de liderar sequestro de idoso em Bento Gonçalves
A prisão ocorreu em Porto Alegre; no total, três pessoas foram indiciadas pelo crime contra Osmir Rodrigues dos Santos
A Polícia Civil de Bento Gonçalves, por meio da 1ª Delegacia de Polícia (1ª DP), deu seguimento no caso do idoso que havia sido sequestrado no Vale Aurora e internado à força em uma clínica para dependentes químicos de Osório, no Litoral Norte.
Na quarta-feira, 13/11, um homem de 42 anos, indicado como o responsável por coordenar a equipe de captadores, foi detido. A prisão ocorreu após representação da Autoridade Policial. O Poder Judiciário havia decretado a Prisão Preventiva do indivíduo.
Após compartilhamento de informações, a Delegacia de Capturas do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) localizou o suspeito, na quarta-feira, na cidade de Porto Alegre, onde foi realizada a prisão e encaminhamento ao Sistema Prisional.
O caso
No dia 27 de agosto de 2024, chegou ao conhecimento da 1ª DP de Bento Gonçalves a notícia de um suposto sequestro ocorrido na região do Vale Aurora, interior da cidade.
As informações surgiram após uma das vítimas ter sido localizada por vizinhos, no meio mato, nas proximidades de sua residência, ocasião em que relatou que estava fugindo da própria residência, pois teria sido mantida em cárcere privado durante todo o dia.
As primeiras diligências investigativas evidenciaram que se tratava de um sequestro e cárcere privado envolvendo duas vítimas: uma delas a mulher, de 56 anos, e outra um homem, de 67 anos, identificado como Osmir Rodrigues dos Santos, esposo da mulher e que estava desaparecido.
Nos primeiros de investigação, ficou claro que a enteada de Osmir era a principal suspeita.
Avanço do caso
Naquele estágio da investigação, apurou-se que a suspeita residia com o casal e na madrugada do dia 27 de agosto recebeu na residência três homens que, sob sua coordenação, sequestraram Osmir, retirando-o à força de dentro do próprio quarto e arrastando-o para fora da residência.
Enquanto isso, a suspeita continha a própria mãe para não intervir na cena. Após a retirada de Osmir de dentro da residência, a suspeita permaneceu na casa mantendo a mãe em cárcere privado dentro de um dos cômodos. Ao final daquele dia, a mulher conseguiu fugir do cárcere através do forro da casa, sendo localizada no matagal.
Após as evidências iniciais de autoria, foi solicitada ao Poder Judiciário a Prisão Temporária da suspeita (uma mulher de 38 anos), que foi deferida pela Justiça, de modo que sua prisão foi efetivada pela equipe da 1ª Delegacia de Polícia de Bento Gonçalves no dia 31 de agosto.
No curso da apuração, inclusive após a prisão, não houve a colaboração da investigada acerca do paradeiro do idoso.
Buscas
A equipe da 1ª DP continuou com o trabalho investigativo até encontrar evidências concretas de que a vítima teria sido levada, forçadamente, para a cidade de Osório e estava internada em uma clínica de recuperação de dependentes químicos (álcool e drogas).
O fato chamou atenção da equipe policial visto que, após todos os dias de trabalho investigativo, não se tinha notícia de que Osmir seria dependente químico.
No dia 7 de setembro, apurou-se que a suspeita planejou uma internação forçada dele e, para tanto, contratou pessoas denominadas “captadores”, cuja atividade é voltada a realizar a condução de pessoas indicadas por algum familiar até clínica que aceite o “paciente”.
Neste caso, a suspeita, desde o dia 25 de agosto, manteve tratativas com o líder do grupo – homem preso dia 13 de novembro – e contratou-os para encaminhar seu padrasto de forma involuntária.
Os “captadores” contratados vieram a Bento Gonçalves na madrugada do dia 27 de agosto, ingressaram na residência e cometeram o crime.
O resgate
Diante dos indicativos contundentes de sequestro e do possível destino da vítima, a equipe de policiais civis da 1ª DP de Bento Gonçalves deslocou-se, na manhã de domingo, 08/09, até Osório, onde localizou e resgatou Osmir de dentro da clínica.
Apurou-se que ele teve que assinar documentos para ingresso no estabelecimento e um destes seria um termo de internação voluntária. Porém, diante do contexto investigado, constatou-se que, apesar da assinatura, tratava-se de internação que não atendia aos preceitos legais, visto que não havia voluntariedade do paciente Osmir, nem encaminhamento médico e muito menos ordem judicial para internação, razão pela qual a vítima foi resgatada pelos policiais e trazida para Bento Gonçalves e entregue à família.
Indiciamento
A 1ª DP de Bento Gonçalves encerrou a investigação com os principais mentores deste caso presos preventivamente: a enteada da vítima, que planejou o sequestro, bem como o líder dos “captadores”.
O inquérito policial foi encaminhado ao Poder Judiciário. O responsável pela clínica de Osório também foi indiciado.